A escada rolante e o elevador parados na Estação da Parangaba não impediram Antônio Nascimento, 67 anos, de enfrentar os muitos degraus e chegar logo “lá em cima”. Eufórico, ele subia apressado para não perder o próximo metrô. “Esperamos muito tempo por isso.” Minutos depois, Antônio passeava no veículo e observava. Sentava, levantava, puxava conversa. Queria experimentar a sensação de andar, após 13 anos de espera, no Metrô de Fortaleza (Metrofor).
Ontem, durante o primeiro dia de operação assistida da linha sul do Metrofor, os sentimentos eram muitos. O rebuliço de passageiros empolgados, emocionados ou cheios de reclamações era intenso nas 12 estações já liberadas para teste. Para muitos, foi a primeira vez em um metrô. “Nunca andei. Estou encantada. Mesmo lotado, é melhor que ônibus”, comemorava a manicure Maria Stela da Silva, 60. Ela saiu da Estação da Pajuçara e foi até a da Parangaba. “Só para passear”, sorria.
A filha, Neide da Silva, 40, temerosa, negou o convite de primeira. Mas acabou cedendo ao pedido da mãe. “Tenho medo de pane. Fiquei nervosa, mas agora estou tranquila.”
Das 8 horas ao meio-dia, o metrô funcionou normalmente. Dois trens (com três espaços) se revezavam no trajeto entre a Estação da Parangaba e a Carlito Benevides (Pacatuba), a uma velocidade média de 40 a 60 km/h. O POVO embarcou em uma das viagens. Foram 26 minutos de ida e mais 26 de volta.
O vigilante Fábio Rodrigues, 34, animado, aproveitou para fazer três viagens. “Saí do trabalho (Maracanaú) e fui para casa (Vila Manoel Sátiro). Peguei meu filho e estou indo deixar na mãe dele (Maracanaú). Depois, vou voltar para casa. Tudo sem trânsito.” O filho, Gabriel, 10 anos, que cresceu com a promessa do metrô, só contemplava o veículo.
Mamede Evaristo, 70, não escondia a felicidade. “Um sonho realizado”, festejava. Ele saiu da Parangaba e foi até Pacatuba. Depois retornou. O passeio foi só para conhecer o metrô. “Faz pena é o pessoal quebrar”, lamentava. Ontem, em cada um dos três espaços do veículo, havia dois seguranças terceirizados.
Entre a euforia e a emoção, houve também quem reclamasse. Eliane Araújo, 27, subiu com a amiga Cristiane de Oliveira, de mesma idade, no Conjunto Esperança. Lá, segundo Eliane, o elevador não funcionava. Cristiane é cadeirante e não tinha como subir até o metrô. “O rapaz que trabalha na estação ajudou a gente.” Um funcionário do Metrofor, que fazia o trajeto e não quis se identificar, reclamou de acúmulo de água na Vila Manoel Sátiro. E também do elevador parado. Na Carlito Benevides, o equipamento também não funcionava.
Na Parangaba, quando O POVO chegou, escada rolante e elevador estavam parados. Os dois voltaram a funcionar no fim da manhã.
O quê – Entenda a notícia. A operação assistida é gratuita e deve ser realizada até o fim do ano, de segunda a sexta-feira, das 8 horas ao meio-dia. O trajeto inicial é entre Pacatuba e Parangaba. Em outubro, os testes começam a ser realizados no restante da Linha Sul (até o Centro).
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