O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), fez nesta quarta-feira defesa apaixonada do polêmico projeto do Porto Sul da Bahia que, segundo adiantou o Valor na semana passada, deve ter sua construção concedida à iniciativa privada no âmbito do novo pacote de regras para o setor portuário, que será anunciado na quinta-feira pela presidente Dilma Rousseff.
Durante uma solenidade em Salvador, Wagner afirmou que o empreendimento, que obteve a licença prévia há duas semanas após uma longa polêmica, esconde muitos interesses comerciais travestidos de defesa ambiental.
“Ninguém tem interesse que haja mais um porto e mais uma ferrovia competindo com outros portos e com outras ferrovias. E não seremos nós que cairemos na ingenuidade de dizer que tudo é pelo bem. O guarda-chuva do bem está abrigando uma coisa menor e mesquinha”, disse o governador baiano.
Desde que foi criado o projeto sofreu muitas resistências de entidades ambientais, que alegam que o porto coloca em risco a biodiversidade da região de Ilhéus, conhecida pela natureza exuberante. De acordo com Wagner, o impacto será reduzido, tanto que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) teria considerado o licenciamento ambiental do Porto Sul como “o mais bem feito no país”.
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O governador afirmou ainda que a construção do porto é importante para a inclusão da Bahia no mapa da logística brasileira. Isso porque o terminal será o destino final da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), que pelo projeto original chegará até o município de Figueirópolis, em Tocantins.
De acordo com o governador, a Fiol e o Porto Sul são fundamentais para o escoamento da produção de minério de ferro e de grãos do oeste baiano. Ele argumenta, no entanto, que costuma encontrar “alguns que militam diariamente no Tribunal de Contas da União pra criar dificuldades” ao empreendimento.
“Um território de 570 mil quilômetros quadrados, que hoje é o terceiro parque mineral do país, uma das áreas de maior expansão do agronegócio (…). Querem que a gente simplesmente não tenha logística? Se o jogo é esse, não sejamos ingênuos”, ironizou Wagner, que não identificou os eventuais adversários do projeto, que tem previsão de receber R$ 3,5 bilhões em investimentos.
Segundo antecipou o Valor, a versão final do pacote de medidas para o setor portuário contemplará investimentos de R$ 50 bilhões a R$ 60 bilhões em novas instalações e ampliação da capacidade existente. Mais da metade do valor total precisará ser desembolsado até o fim de 2014.
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