Mesmo diante da expectativa de que 2015 seja um ano forte para os resultados da fabricante de aeronaves Embraer, o BTG Pactual reduziu o preço-alvo para os ADRs da companhia – que são recibos de ações negociados em Nova York – de US$ 46 para US$ 44. A recomendação é de compra.
A inciativa acompanha um corte nas estimativas para o balanço. A projeção de receita líquida foi reduzida em 5,3%, para US$ 6,64 bilhões; a de resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) caiu 3,3%, para US$ 917,8 milhões, na mesma proporção do corte para o lucro líquido, que foi a US$ 461,5 milhões.
Contudo, o banco segue otimista com os resultados da companhia. Em relatório, o BTG destaca que a desvalorização do real em relação ao dólar vai continuar impulsionando as receitas da empresa, que contabiliza a maior parte das vendas com exportações. Além disso, os analistas Renato Mimica e Samuel Alves, que assinam o documento, veem cenário mais promissor para a aviação executiva daqui para frente.
Para o segmento comercial, a instituição aguarda números em linha com o apresentado em 2014. Mas o relatório lembra que o momento pode ser ideal para clientes americanos exercerem opções de compra de aviões, que não estão inclusas nos pedidos firmes. Dentre os clientes estão American Airlines e United Airlines.
No segmento de locação de veículos, o BTG Pactual elevou o preço-alvo em 12 meses da Localiza, de R$ 35 para R$ 38, com indicação neutra. Ao mesmo tempo, cortou a estimativa de preço para a ação da Locamerica, de R$ 6,50 para R$ 5, em 12 meses. A recomendação foi mantida em compra.
Para o banco, a Localiza continua a reduzir sua alavancagem e gerar fluxo de caixa livre, mesmo com condições macro adversas. “Calculamos que a companhia poderá reunir R$ 600 milhões, que poderão ser usados para fusões, aquisições ou distribuição de dividendos. Isso, sem prejudicar seu caixa”, destaca.
Em relação à Locamerica, a instituição espera melhoria nos resultados financeiros no quarto trimestre, com aceleração do crescimento da receita, que poderá ser de 20%. Entretanto, segundo o BTG, o ROE, que mede o retorno dos acionistas nos investimentos, permanece abaixo do custo de capital próprio da empresa, de 7,8%, o que justifica o preço-alvo menor.
Em infraestrutura, o BTG cortou o preço-alvo da para as ações da companhia de ferrovias América Latina Logística (ALL) para R$ 10, mas a empresa foi eleita como a preferida no setor. Segundo a equipe de análise, a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para a fusão entre Rumo (da Cosan) e ALL pode ser um catalisador positivo e pode disparar negociações com o governo sobre novos planos de investimentos que devem resultar na extensão do prazo dos contratos.
Os analistas acreditam que, como resultado da fusão e da execução dos novos planos, o Ebitda ad ALL pode alcançar R$ 5 bilhões nos próximos sete anos. A aprovação do Cade deve ocorrer ainda no primeiro semestre, acreditam os especialistas.
No setor industrial, o BTG cortou as estimativas de preço para Randon e Marcopolo e elevou a estimativa para WEG. No caso de Randon, o preço-alvo foi reduzido de R$ 7,5 para R$ 5, para incorporar um cenário de vendas pior. O preço-alvo da ação da Marcopolo caiu de R$ 4,5 para R$ 3,3. Em relação à WEG, o preço-alvo subiu de R$ 27 para R$ 32. No relatório, o banco o avalia o papel da empresa como um dos mais fortes da cobertura, com perspectiva de crescimento nos resultados. A recomendação para as três companhias é neutra.
Segundo os analistas, incentivos mais fracos e um potencial racionamento de energia compõem um cenário com mais lados negativos do que positivos para o setor industrial brasileiro.
Se, por um lado, o dólar mais forte e a performance dos mercados desenvolvidos ajudam exportadores, há uma série de riscos aos quais as companhias estão expostas no Brasil, como condições de crédito mais apertadas, menos incentivos e um possível racionamento de energia. Os analistas ainda citam o aumento das taxas de juros do PSI, linha de crédito subsidiado do BNDES.
A Randon é considerada uma das empresas com grande exposição ao risco de racionamento. Já a WEG aparece no relatório como uma possível ganhadora em um cenário de racionamento de energia leve, uma vez que seria um catalisador de projetos de geração de energia alternativa.
Apesar da melhora no cenário do segmento urbano por causa do aumento de tarifas a ser implementado neste ano, o banco não prevê melhora nos resultados da Marcopolo em 2015. Os analistas falam de perspectivas a curto prazo ainda nebulosas, citando para a empresa a redução de cobertura de crédito pelo PSI e o aumento das taxas de juros.
No setor de aviação, o BTG elevou o preço-alvo das ações da companhia aérea Gol de R$ 17 para R$ 18 e manteve a recomendação de compra. Ao mesmo tempo, elevou o da empresa de programas de fidelidade Multiplus, subsidiária da concorrente TAM, de R$ 30 para R$ 37, também com indicação de compra.
De acordo com relatório, as ações da Gol apresentam desempenho negativo nas últimas semanas, seguindo expectativa de “yields” (retornos) fracos no quarto trimestre, devido à desaceleração na demanda por viagens corporativas.
O banco destaca ainda que os números do último trimestre de 2014 não refletem os benefícios da queda no preço dos combustíveis, dado o atraso de 45 dias na precificação do querosene de aviação, o que significa que custos menores serão registrados de janeiro em diante.
“Enquanto esperamos custo menor em 2015, ainda prevemos um mercado racional, com melhor dinâmica entre oferta e demanda. Prevemos continuidade no crescimento fraco em capacidade doméstica, enquanto o primeiro trimestre pode mostrar expansão de margens operacionais”, afirma a casa de análise.
O banco revisou estimativas da companhia aérea para incorporar queda nos custos com combustível e yields menores.
Sobre a empresa de programas de fidelidade Multiplus, após alguns trimestres de fracos resultados, o BTG vê maior potencial para a companhia.
Maiores volumes devem mais que compensar os preços menores em dólar, impulsionando o crescimento ao longo dos próximos trimestres. “Revisamos nossas estimativas para incorporar novas premissas macroeconômicas e, como resultado, elevamos os preços-alvo das ações”, afirmam os analistas do BTG.
Seja o primeiro a comentar