Paralisações marcam conclusão de refinarias

Mais de 2 mil funcionários devem ser desligados este mês dos canteiros do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Com 80% de suas obras já concluídas, a refinaria começa a entrar em fase final de execução, mas diante das dificuldades de caixa da Petrobras e de seus fornecedores, a conclusão do projeto, assim como a refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, convive com paralisações e redução no ritmo de investimentos.

Na terça-feira, o conselho de administração da Petrobras se reuniu para discutir, entre outros itens, o financiamento de seus projetos, em meio aos problemas de caixa da companhia e ao cenário de queda dos preços do petróleo. Segundo uma fonte, a ordem do conselho foi aproveitar atrasos em projetos para reduzir os custos deste ano e não precisar recorrer a bancos. A ideia, segundo a fonte, é jogar para frente a conclusão de obras como as do Comperj e projetos de exploração e produção.

De acordo com o último balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), de dezembro, a previsão do governo era encerrar 2014 com 81,8% das obras do Comperj já realizadas. A meta, segundo o boletim, é concluir 88,8% da refinaria até o fim do primeiro semestre deste ano e iniciar as operações do primeiro trem do projeto em agosto de 2016.

Os principais serviços da refinaria já foram licitados, mas alguns contratos foram rescindidos nos últimos anos e precisarão passar por nova licitação. As concorrências incluem serviços de construção e montagem das interligações e tancagem do Comperj, que estavam a cargo do consórcio Jaraguá / Egesa; e a construção do sistema de flare, torre de resfriamento e do prédio administrativo da refinaria, antes sob responsabilidade da Fidens.

Enquanto alguns serviços seguem inacabados, outros vão entrando em fase final de execução. O Consórcio CPPR (UTC, Odebrecht e Mendes Junior), responsável pelas obras do Pipe-Rack do Comperj, iniciou a desmobilização de sua mão de obra. Desde o início do ano, já foram dispensados 236 trabalhadores e, até o fim do mês, a expectativa do consórcio é que outros 1,6 mil funcionários sejam desligados.

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Construção e do Mobiliário (Sinticom) em Itaboraí e São Gonçalo, mais 800 funcionários devem ser desligados dos canteiros de obras do Consórcio TUC (UTC, Odebrecht e Toyo), responsável pela Central de Utilidades do Comperj. Ainda de acordo com o sindicato, entre 10 mil e 12 mil funcionários das categorias ligadas ao Sinticom estão trabalhando no local.
Já na Rnest, o primeiro trem de refino já está em operação desde o fim do ano passado, mas a conclusão da segunda etapa do projeto, prevista para meados deste ano, também segue com seus problemas. A principal complicação na refinaria pernambucana gira em torno das obras da Alumini Engenharia (ex-Alusa), que, em consórcio com outras empresas, estava a cargo da construção de uma plataforma de tratamento de gases tóxicos, mas teve seu contrato rescindido (ver reportagem ao lado).

Enquanto isso, reclamações de funcionários de fornecedores que estão sem receber salários e rescisões contratuais não param de chegar ao Ministério Público do Trabalho (MPT). Segundo Aldo Amaral, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Pesada de Pernambuco (Sintepav PE), há problemas reportados por funcionários da Engevix e do consórcio Coeg (Conduto e Egesa). Esta semana, 1.500 trabalhadores do Coeg deflagraram greve até que os mais de 300 colegas demitidos recebam suas rescisões contratuais.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*



0