Há uma verdadeira guerra por talentos sendo travada entre as grandes cidades do Reino Unido e, talvez, de toda a Europa. ” Em especial, aqui, por profissionais da área de serviços para trabalhar nas empresas que operam globalmente”, afirma Neil Rami, diretor executivo do Marketing Birmingham, agência de promoção de investimentos da cidade.
Berço da revolução industrial, de onde saíram inventos revolucionários como a máquina a vapor e a lâmpada elétrica, – e acontecimentos, para alguns, tão importantes quanto, como a criação do Black Sabbath, do ‘birminghaniano’ Ozzy Osbourne, ou o Led Zepellin, de Robert Plant – Birmingham é a segunda maior cidade do Reino Unido, atrás de Londres, e passa por uma renovação econômica e cultural que também poderia ser vista como uma revolução.
Situada bem no centro do mapa do Reino Unido, a cidade se recuperou do declínio ocorrido no fim dos anos oitenta, ao apostar na diversificação de atividades e de investir fortemente no ramo de serviços financeiros e no turismo de negócios. Segundo Neil Rami, Birmingham detém 42% do mercado de eventos, como congressos de feiras, do país, que emprega mais de 60 mil pessoas e movimenta R$ 275 bilhões por ano.
Segundo dados da prefeitura, R$ 3 bilhões foram investidos nos últimos anos no desenvolvimento da New Street Station, a estação que fica na região central da cidade e R$ 1 bilhão na expansão do aeroporto. Por conta disso, a Hainan Airlines inaugura um voo direto dali para Pequim neste verão. ” A China é um cliente muito importante para os negócios locais. Temos uma população diversa, e 30% dos estudantes de nossas universidades vêm de fora.”
No ano passado, segundo Rami, foram criadas em Birmingham 16,5 mil startups, a maioria ligada à tecnologia da informação e comunicação. Elas optaram por Birmingham porque “o custo de começar em Londres se tornou muito alto”. “Criamos um ecossistema atraente na cidade para startups.”
A região da Grande Birmingham concentra 30% da produção automotiva do Reino Unido, com uma forte cadeia de suprimentos e áreas de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). A Universidade de Birmingham se especializou em pesquisas com novos combustíveis e veículos de baixo carbono.
Competindo de perto por talentos e investimentos, a grande Manchester, conhecida por sua cena cultural vibrante e por ser a terra natal de grupos de música como The Smiths e Joy Division – e, claro, pelo futebol -, investe pesadamente no sistema de transportes para se tornar mais próxima das cidades do norte da Inglaterra e também da capital.
Segundo Tim Newns, diretor executivo da Midas, agência de promoção de investimentos de Manchester, o sistema ferroviário intermunicipal está recebendo investimentos de R$ 3 bilhões até 2017 para tornar as viagens mais frequentes e rápidas.
“De Manchester a Leeds costuma levar uma hora, e vai cair para 40 minutos. Até Liverpool, a viagem vai cair de 50 para 35 minutos”, afirma Newns.
Além disso, o sistema de transporte sobre trens da região metropolitana também está sendo todo modernizado, com investimentos de R$ 15 bilhões. Entre as obras, um moderno trem que liga a cidade ao aeroporto de Manchester, que terminou um ano antes do prazo.
Isso deve atrair mais alunos para as 22 universidades que se situam a uma distância de menos de uma hora, que reúnem 100 mil estudantes, fazendo deste o maior “campus” da Europa. “Temos 25 prêmios Nobel saídos de nossas universidades”, se orgulha Newns.
Um fator que deverá ajudar ainda mais essas grandes cidades inglesas a atrair mão de obra qualificada é o trem de alta velocidade programado para ficar pronto até 2026. Chamado de H2S, deverá encurtar o tempo de viagem até Birmingham, de duas horas para 45 minutos, colocando a cidade virtualmente dentro da zona 4 do metrô de Londres. Segundo a prefeitura, o “fator H2S” deve significar um impulso de R$ 20 bilhões por ano na economia da região de West Midlands, e criar 51 mil novos empregos.
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