Afetado pela redução da escala de produção decorrente da retração do nível de atividade da indústria de veículos comerciais e da demanda por implementos rodoviários, o grupo Randon encerrou o quarto trimestre de 2014 com queda de 17,3% no lucro líquido consolidado, para R$ 39,6 milhões. A receita líquida recuou 16%, para R$ 911,5 milhões, enquanto o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) caiu 11,6%, para R$ 103,4 milhões.
As exportações da fabricante de implementos rodoviários e autopeças a partir do Brasil diminuíram 3 3,4%, para US$ 40 milhões no período, mas a valorização da moeda americana permitiu um recuo menor em reais, de 26,3%, para R$ 100,5 milhões. Conforme o diretor de relações com investidores, Geraldo Santa Catharina, as vendas externas “decepcionaram” no trimestre e no acumulado de 2014 principalmente devido à retração dos mercados atendidos pelo grupo na América do Sul.
Em todo o ano passado, a Randon teve lucro líquido de R$ 202 milhões, 14,1% a menos que em 2013, enquanto a receita líquida somou R$ 3,8 bilhões, com queda de 11,2% na mesma base de comparação e abaixo da projeção de R$ 4 bilhões, atualizada em agosto. O Ebitda anual fechou em R$ 490,5 milhões, em baixa de 13%.
Ainda no acumulado de 2014, as exportações do grupo a partir do Brasil caíram 20,7%, para US$ 191,6 milhões, e as vendas das unidades no exterior recuaram de US$ 124,1 milhões para US$ 117,4 milhões. Segundo Santa Catharina, o mercado externo representou, no total, cerca de 19% da receita líquida da Randon no ano.
Apesar da queda nas receitas, a margem bruta evoluiu 1,1 ponto percentual no trimestre e 0,5 no ano, para 23,6% e 25%, respectivamente. Conforme o diretor, a alta foi puxada pela venda de produtos de maior valor agregado, principalmente vagões ferroviários, pelo efeito do câmbio sobre as exportações e pelo controle de custos operacionais. A margem Ebitda cresceu 0,6 ponto no trimestre, para 11,3%, e caiu 0,3% no ano, para 13,3%, enquanto a margem líquida recuou 0,1 ponto nos três meses e 0,2 ponto no acumulado do exercício, para 4,3% e 5,3%, respectivamente.
O executivo explicou ainda que a queda do desempenho em 2014 foi influenciada pela alta base de comparação com o ano anterior, que teve um comportamento “atípico” porque o mercado antecipou as compras à espera do aumento dos juros do Programa de Sustentação do Investimento (PSI). Segundo Santa Catharina, o endividamento financeiro líquido consolidado das operações industriais da Randon correspondia a 1,56 vez o Ebitda dos 12 meses anteriores no fim de 2014, ante 1,78 no encerramento de 2013.
Venda de vagões
As vendas de vagões ferroviários pela Randon atingiram o recorde de 1.356 unidades em 2014, volume mais do que quatro vezes superior aos 322 equipamentos comercializados no ano anterior, informou a companhia nesta quinta-feira. Com isso, o segmento apresentou uma evolução de R$ 76,3 milhões para R$ 338,5 milhões na receita líquida no período e passou a representar 8,9% da receita líquida consolidada do grupo, ante 1,8% em 2013.
Em compensação, a venda de reboques e semirreboques rodoviários recuou 34,8% na comparação anual, para 16,6 mil unidades. No país, o volume baixou de 20,2 mil para 15,2 mil, o que reduziu em 1,9 ponto percentual a participação da Randon no mercado interno, para 26,9%. Já as exportações caíram de 5,3 mil para 1,4 mil unidades, principal mente por conta da retração de mercados importantes como Argentina e Chile, explicou o diretor de relações com investidores, Geraldo Santa Catharina.
Já o segmento de autopeças foi afetado negativamente pela queda na produção de caminhões no Brasil, que chegou a 25,2%, para 140 mil unidades, informou a Randon. Como consequência, os volumes físicos vendidos pelas controladas Master (fabricante de freios), Suspensys (sistemas de suspensão) e Jost (equipamentos para acoplamento) recuaram entre 23% e 39,2%. A exceção foi a Fras-le, que produz lonas e pastilhas de freios e teve alta de 5,1% em função da forte participação das exportações e das vendas para o mercado de reposição.
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