Fibria amplia projeto da nova linha de Três Lagoas

Maior produtora mundial de celulose de eucalipto, a Fibria elevou em 11%, ou em cerca de 200 mil toneladas, a capacidade instalada do projeto de expansão em Três Lagoas (MS), que agora poderá produzir quase 2 milhões de toneladas por ano. Essa ampliação, possibilitada pela tecnologia usada na nova linha, não alterou o valor do investimento previsto, de R$ 8,7 bilhões, o que resultará em maior taxa de retorno.

De acordo com o diretor financeiro e de relações com investidores da Fibria, Guilherme Cavalcanti, a taxa de retorno alavancada (que decorre do uso de dívida na estrutura de financiamento) do projeto deve ficar acima de 20%, condicionada ao câmbio e aos preços da celulose.

Esse retorno é superior ao inicialmente estimado, uma vez que o aumento de capacidade instalada não alterou o investimento de capital (capex), que está 70% denominado em reais. Por causa do câmbio, porém, o desembolso em moeda estrangeira passou de US$ 2,2 bilhões para US$ 2,4 bilhões.

Com o início de operação, previsto para o quarto trimestre de 2017, a capacidade instalada total da Fibria será ampliada em 37%, para 7,25 milhões de toneladas por ano, e o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) crescerá cerca de 50% – no ano passado, o Ebitda da companhia totalizou R$ 5,34 bilhões.

Além disso, a produção proveniente da nova linha e as 900 mil toneladas por ano de celulose da Klabin que serão vendidas pela companhia ampliarão de maneira significativa a distância entre a Fibria, líder global na produção de celulose de mercado, e a segunda colocada, que terá metade do tamanho da companhia brasileira.

A nova linha, que já está em construção, poderá produzir até 1,95 milhão de toneladas por ano de celulose de eucalipto, frente ao projeto original de 1,75 milhão de toneladas. Em 2018, a linha, que entrará em operação no quarto trimestre de 2017, deve produzir 1,74 milhão de toneladas. Em 2019, serão 1,85 milhão de toneladas, alcançando 1,95 milhão de toneladas em 2020.

De acordo com o presidente da Fibria, Marcelo Castelli, o início de operação do Projeto Horizonte 2 pode ser antecipada. Neste momento, o cronograma do projeto segue rigorosamente dentro do previsto, com progresso físico de 32,5%. “O projeto Horizonte 2 está entre os melhores ‘brownfields’ do mundo, porque o site de Três Lagoas foi desde a concepção preparado para essa expansão”, disse.

A celulose produzida na nova linha será escoada por meio rodoviário até Aparecida do Taboado (MS) e, de lá, seguirá por ferrovia de bitola larga da ALL até Mairinque (SP). De Mairinque, a celulose será levada até o Porto de Santos pela MRS. O volume da linha atual continuará a ser escoado pela ALL.

Castelli lembrou que a Fibria ganhou a concessão para operar o terminal de Macuco, no porto paulista, por prazo de 25 anos, renovável por mais 25 anos, “que comporta plenamente o volume de celulose do projeto”. Com o aumento da capacidade final da nova linha, a Fibria teve de ampliar a base florestal necessária para atendimento ao projeto para 187 mil hectares, entre plantio próprio e parcerias. No primeiro ciclo da floresta, conforme Cavalcanti, o raio médio (distância entre fábrica e florestas) será de até 100 quilômetros. No segundo ciclo, essa distância será menor, com a redução da participação de madeira de terceiros.

A estrutura de financiamento do projeto já está equacionada e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) emprestará até R$ 2,3 bilhões. “Todos os recursos necessários para a nova linha de produção estão formalmente contratados. Os valores do BNDES, ECA (agências de crédito à exportação) e FDCO (Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste) serão desembolsados à medida que o projeto for executado”, disse Cavalcanti.

Conforme o executivo, o custo médio do financiamento do projeto, em dólar, ficou em 2,1%, com prazo médio de 5,8 anos. Diante disso, o juro médio da dívida da Fibria será reduzido de 3,4% a 2,8% ao ano, em dólar, e o prazo médio sobe a 4,7 anos.

Além de anunciar o aumento da capacidade instalada da nova linha de celulose, a Fibria informou ainda uma revisão da previsão de desembolsos relativos ao projeto. Inicialmente, entre 2016 e 2017, a companhia aportaria cerca de 93% dos recursos previstos. Agora, poderá reduzir essa fatia a 86%. “Pode haver postergação de investimento caso haja risco para a alavancagem da companhia, sem que isso afete o cronograma do projeto”, ressaltou Castelli.

O executivo lembrou que a política financeira da companhia prevê teto de alavancagem de 3,5 vezes (dívida líquida/Ebitda) em dólar, enquanto há compromissos financeiros (“convenants”) assumidos junto a detentores de bônus de limite de 4,5 vezes em dólar.

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