Quem não leu ou ouviu sobre o tal “legado olímpico” que as
grandes obras de transporte público deixariam para o carioca?
A mobilidade urbana, cantada em prosa e verso durante os
jogos, foi o grande destaque dos noticiários em 2016. A integração do metrô com
o BRT e o VLT era uma das novidades anunciadas. O Rio de Janeiro prometia uma
transformação profunda no transporte público.
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Mas o legado dessas intervenções já era desde então uma das
grandes preocupações de quem vive na cidade maravilhosa, como já demonstrava
Thereza Lobo, diretora executiva do movimento Rio Como Vamos (RCV). Para ela, apesar
de todos os investimentos, questões importantes precisavam ser discutidas, como
a manutenção posterior.
O carioca estava esperançoso. Pesquisa feita pelo RCV em
2015, um ano antes dos jogos Olímpicos, constatou que 29% acreditavam que o
principal benefício (o “legado”) dos Jogos seria a melhoria dos transportes
públicos. E os entrevistados citavam como investimentos prioritários as novas
vias de BRT (66% ) e a expansão do metrô
(56%).
No entanto, uma pesquisa inédita feita pela Fundação Getúlio
Vargas (FGV) mostra realidade distinta quanto ao famigerado legado. Hoje, além
de problemas sérios de manutenção, somados a questões envolvendo custos do
sistema – que enseja uma queda de braço entre prefeitura e empresas de ônibus,
ligada ao congelamento da tarifa de ônibus – , o bolso do carioca demonstra que
também está sofrendo…
A pesquisa da FGV aponta que o gasto com o sistema de
transporte no Rio – BRTs e metrô – , em relação à integração dos dois modais,
castiga a Zona Oeste e a Zona Norte, sentido Pavuna, onde se detecta uma
desigualdade de acesso por conta da renda. O estudo mostra, por exemplo, que o
sistema de transportes chega a comprometer 65% da renda dos moradores de Vila
Paciência, na Zona Oeste carioca.
Para quem esperava uma revolução na mobilidade da cidade, o
legado parece ter ficado largado. Segurança pública, despoluição da Baía de
Guanabara e o uso da infraestrutura deixada pelo Parque Olímpico, são outros
exemplos de um legado que não veio como anunciado.
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