O gestora canadense Brookfield assinou acordo de
exclusividade com a Odebrecht Transport para avaliar a compra das concessões
rodoviárias do conglomerado baiano. O ‘Estado’ apurou que o fundo está em
processo avançado de negociações e de “due diligence” (auditoria) das sete
rodovias que têm participação da empreiteira, que somam 1.779 quilômetros no
Centro-Oeste, Nordeste, Sudeste e Sul do País.
Fontes ouvidas pelo Estado afirmam, entretanto, que as
desavenças do passado não devem interferir nos negócios atuais. Exemplo disso,
é que uma das rodovias que interessam à gigante canadense é a Bahia Norte, uma
concessão de 132 km que interliga o Centro Industrial de Aratu (CIA), o Polo
Industrial de Camaçari, o Terminal Portuário de Aratu e o Aeroporto
Internacional de Salvador. A Odebrecht detém 50% da concessionária e a Invepar,
50%.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
Outro ativo que interessa à gestora canadense é a Rota do
Oeste, concessionária que administra 850 km da BR-163, em Mato Grosso. Nesse
caso, a concessão é 100% da Odebrecht, que arrematou o trecho da rodovia em
2013 com deságio de 52% (nesse leilão, vencia quem oferecesse a menor tarifa).
Durante os 30 anos de concessão, a empresa terá de investir R$ 5,5 bilhões.
Apesar do valor alto de investimento, a estrada é uma das principais vias de
escoamento de grãos do País.
O Estado apurou que a aquisição das concessões deve ser
feita por meio da Arteris, empresa que tem como sócia a Brookfield e a
espanhola Abertis. A empresa administra 3,2 mil km de rodovias no Brasil e está
atrás apenas do grupo CCR. “Concessão rodoviária é um tipo de ativo que agrada
bastante a Brookfield, pois não precisa passar pelo processo de licitação”,
afirma o advogado da Demarest, Paulo Dantas. “Eles têm uma capacidade enorme
para consolidar a infraestrutura brasileira, e já estão fazendo isso.”
Procurada, a Odebrecht afirmou que segue com seu plano de
reestruturação, que inclui a busca de novos investidores para seu portfólio de
rodovias. Mas destacou que ainda não há nenhuma transação concluída. A Arteris
e a Brookfield disseram que não comentariam o assunto.
Oportunidades. Além de ativos do grupo Odebrecht, a Brookfield
adquiriu, por US$ 5,2 bilhões, 90% da Nova Transportadora do Sudeste (NTS),
gasoduto que pertencia à Petrobrás.
Com US$ 250 bilhões em ativos sob gestão no mundo, dos quais
R$ 60 bilhões no Brasil, a companhia está de olho em negócios imobiliários no
País, que foram reestruturados e estão sob o guarda-chuva da empresa Tegra. Com
27 projetos imobiliários em andamento, a gestora quer buscar oportunidades em
construções residenciais, setor que passa por uma das piores crises de sua
história. E é onde a gigante busca oportunidades para fazer negócios.
A gestora canadense também está de olho em negócios de
saneamento no País e pretende ser consolidadora neste setor. Em shoppings,
contudo, onde tem participações, a Brookfield poderá se desfazer de ativos.
Seja o primeiro a comentar