Governo do Estado de São Paulo vai insistir em monotrilho para o ABC

Os 15,7 quilômetros previstos para o monotrilho no ABC
Paulista, ligando as cidades de São Bernardo do Campo, Santo André, São Caetano
do Sul e São Paulo deveriam já estar em operação, de acordo com a primeira
previsão, em 2015. A estimativa depois mudou para 2016, foi alterada para 2018
e agora o Governo do Estado não se arrisca em fazer nova previsão, mas garante:
a intenção continua sendo que o modal escolhido ainda na gestão do então
governador José Serra saída do papel sem alterações.

O secretário de transportes metropolitanos do Estado de São
Paulo, Clodoaldo Pelissioni, disse nesta terça-feira 13 de junho de 2017,
durante seminário sobre tendências da Mobilidade, promovido pela UITP – União
Internacional de Transportes Públicos para a América Latina e pelo Sindicato
dos Engenheiros do Estado de São Paulo, que a gestão Alckmin vai insistir na
obtenção de financiamento com o objetivo de realizar as desapropriações e
começar as obras do monotrilho da linha 18 bronze.

Do ponto de vista financeiro, hoje o principal entrave para
o monotrilho do ABC são as desapropriações que ainda não têm fontes de
recursos.

A  Cofiex  – Comissão de Financiamento Externo, do
Ministério do Planejamento, desde 2015, não dá aval para o Governo do Estado de
São Paulo obter empréstimo internacional de US$ 128,7 milhões junto ao BID –
Banco Interamericano de Desenvolvimento.

O aval da Cofiex é necessário porque o Ministério do
Planejamento entraria com uma espécie de fiador na negociação. Caso o governo
do Estado de São Paulo não tenha condições de honrar o empréstimo, é o governo
federal quem deve arcar com o compromisso.

O Ministério do Planejamento deu uma nota de risco C – para
o Governo do Estado de São Paulo, o que foi novamente contestado por Clodoaldo
Pelissioni.

“Está havendo uma alteração de metodologia e, com isso,
creio que conseguiremos finalmente autorização para captação desses recursos.
Não dá para entender os critérios atuais. O governo federal nos dá nota C – ,
enquanto que o BNDES nos dá B. A classificação da agência Moody’s é B. No Itaú
e também no Bradesco é B, mas cremos que essa situação será revertida” disse
durante apresentação no evento desta terça-feira que teve cobertura do Diário
do Transporte.

Diante da demora e dos custos do modal, que se aproximam de
R$ 5 bilhões, os prefeitos da região, reunidos no Consórcio Intermunicipal ABC,
sugerem a troca de meio de transporte, com a implantação de um corredor BRT,
para ônibus de maior velocidade e capacidade.

Segundo os prefeitos, para atender a mesma demanda de
passageiros, o corredor BRT custaria até 10 vezes menos que o monotrilho. Os
ônibus teriam também, na visão dos prefeitos, tempo de viagem apenas um “pouco
maior” que dos trens que circularam em vias elevadas.

Os problemas relacionados ao monotrilho do ABC não se
limitam às desapropriações e aos recursos.

Ainda não houve uma definição sobre a situação das galerias
de água sob a Avenida Brigadeiro Faria Lima, no centro de São Bernardo do
Campo, que podem alterar o lado de implantação das vigas para o elevado por
onde passariam os trens leves com pneus.

Foram problemas de galerias pluviais na Avenida Luiz Inácio
de Anhaia Melo não previstas no projeto que atrasaram as obras do monotrilho da
linha 15-Prata, na zona leste de São Paulo, onde há apenas duas estações no
trajeto de 2,3 quilômetros.

Também há a interpretação sobre uma cláusula no contrato que
determina que o monotrilho do ABC só poderia ser inaugurado após os testes e o
funcionamento da linha 17-Ouro, também de monotrilho, que está em construção,
mas sem operação.

 

MONOTRILHO ESTÁ
FICANDO CADA VEZ MAIS CARO:

 

O custo do monotrilho quando foi apresentado em 2012, com
previsão de ficar pronto em 2015, deveria ser de R$ 4,2 bilhões, mas diante de
indefinições, demora, aditivos contratuais e agora o risco fiscal identificado
neste ano, o modal terá o valor de cerca de R$ 5 bilhões. O custo do quilômetro
se aproxima de metrô, que pode transportar até três vezes mais pessoas, e está
dez vezes maior que de um BRT, que poderia atender os 314 mil passageiros
previstos para o trajeto.

O monotrilho do ABC, previsto para passar por São Bernardo
do Campo, Santo André e São Caetano do Sul, até a estação Tamanduateí, na
Capital Paulista, deveria ter ficado pronto em 2015, mas depois de diversos
problemas, entre financeiros e indefinições técnicas, as obras sequer foram
iniciadas e vão ficar bem mais caras que o projetado inicialmente. De acordo
com relatório das Parcerias Público-Privadas, obtido pelo Diário do Transporte,
a obra tem riscos fiscais e deve ter um custo de mais R$ 250 milhões de reais
aos cofres públicos. Com isso, o valor total dos 15,7 km passaria a ser de
cerca de R$ 5 bilhões. O quilômetro se tornaria um dos mais caros do modal no
mundo: R$ 318,4 milhões. A título de comparação, de acordo com dados da
UITP  – União Internacional de Transporte
Público, cada quilômetro de BRT – Bus Rapid Transit, corredor de ônibus que
pode atender a uma demanda de cerca de 300 mil passageiros por dia, custaria em
média quase 10 vezes menos, R$ 35,4 milhões. Já cada quilômetro de metrô
poderia custar entre R$ 700 milhões e R$ 1 bilhão, no entanto, a demanda seria
praticamente três vezes maior que do monotrilho, podendo levar até um milhão de
passageiros por dia.

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