A crise política que envolve diretamente o presidente Michel
Temer aumentou as chances de o investimento da economia encolher pelo quarto
ano consecutivo. Com as dúvidas sobre a continuidade do governo, a confiança dos
empresários já está sendo afetada, prejudicando as perspectivas para a retomada
da formação bruta de capital fixo (FBCF, medida pela compra de máquinas e
equipamentos e os gastos com construção e inovação).
No atual cenário de indefinição, especialistas reduziram as
projeções para o investimento em 2017, em alguns casos passando a projetar
queda. O indicador FBCF recuou nada menos que 29,8% em relação ao nível do
terceiro trimestre de 2013. Na série das contas nacionais do IBGE, iniciada em
1996, não há registro de redução remotamente parecida.
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A consultoria Tendências passou a apostar em retração de
1,1% na FBCF neste ano – antes, previa alta de 2%. Além do impacto da crise
política, o péssimo resultado do investimento no primeiro trimestre contribuiu
para o corte na estimativa, diz o economista Bruno Levy. Nos três primeiros
meses do ano, a FBCF recuou 1,6% em relação aos três meses anteriores, feito o
ajuste sazonal, um desempenho pior que o esperado pelo mercado – a média das
estimativas dos economistas ouvidos pelo Valor Data era de baixa de 0,3%. Nos
últimos 14 trimestres, a FBCF caiu em 13 – a única exceção foi a alta de 0,1%
de abril a junho de 2016.
Tudo isso ocorre num momento em que há uma capacidade
ociosa absurda na indústria e no parque instalado de construções, diz o
economista Francisco Pessoa Faria, da LCA Consultores. Se a crise pode
afetar um componente da demanda com mais força, esse componente é o
investimento. Faria conta que a LCA já esperava recuo do investimento no
ano, de 0,7%. Mas, com o quadro político e o número do PIB do primeiro
trimestre, passou a projetar queda do investimento de 2,3% em 2017.
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