Brasil tem 3º maior buraco esperado para infraestrutura até 2040

O Brasil tem o terceiro maior buraco entre o que precisa ser
investido em infraestrutura e o que é esperado dadas as tendências atuais.

A lacuna é de US$ 1,2 trilhão até 2040, suficientes para
transformar os US$ 1,5 trilhão previstos no ritmo atual nos US$ 2,7 trilhões
necessários.

Ou seja, mesmo se o Brasil crescer apenas 1,7% em média por
ano, precisaremos quase dobrar (alta de 56%) o investimento esperado na área.

Em números absolutos, só ficamos atrás de Estados Unidos
(US$ 3,8 trilhões) e China (US$ 1,9 trilhão). Mas em termos proporcionais,
estamos pior.

A lacuna esperada para a China representa só 7% da sua
necessidade total de investimento. Os EUA estão mais próximos de nós: 45% de
buraco, próximo de México (49%), Argentina (56%) e Rússia (59%).

Os números foram divulgados nesta terça-feira (25) pelo Global
Infrastructure Hub, uma consultoria internacional com sede na Austrália, em
parceria com a Oxford Economics.

O cálculo é feito com base na expectativa de crescimento da
economia e da população, além dos níveis históricos de investimento em
infraestrutura e outros fatores. Uma ferramenta no site permite projetar a
necessidade em diferentes cenários.

Foram analisados 50 países (85% do PIB global) em 7 setores:
estradas, ferrovias, portos, aeroportos, telecomunicações, eletricidade e água.

A lacuna brasileira é modesta em água (US$ 6,7 bilhões) e
telecomunicações (US$ 17 bilhões), mas explode na necessidade extra de dinheiro
em ferrovias (US$ 102 bilhões) e estradas (US$ 852 bilhões).

A infraestrutura atua sobre o crescimento por dois vetores:
gerando a própria atividade e aumentando a produtividade geral – que está
estacionada no Brasil desde 1980, segundo um estudo do Credit Suisse.

De 138 países no ranking de competitividade do Banco
Mundial, estamos em 116º na qualidade geral da infraestrutura, 111º na qualidade
de rodovias, 114º na qualidade de portos e 93º na qualidade de ferrovias.

Mas a área não é prioridade. Como cerca de 90% dos gastos
federais são obrigatórios por lei (como Previdência e pessoal), o peso do
ajuste fiscal acaba caindo sobre o investimento.

O desembolso na área sofreu queda real de 61% entre o 1º
trimestre de 2016 e o 1º trimestre de 2017, segundo Mansueto Almeida,
secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda.

Segundo dados da consultoria Inter.B, os investimentos em
infraestrutura em 2016 ficaram em torno de 1,7% do PIB, enquanto o necessário
apenas para manter a estrutura existente está acima de 3%.

A solução apontada pela equipe econômica atual é atrair o
investimento privado com fortalecimento das agências reguladoras e a melhora do
ambiente regulatório e macroeconômico, mas o risco político está novamente
travando o calendário de concessões.

 

Mundo

 

O relatório estima que a necessidade global de investimento
em infraestrutura é de US$ 94 trilhões entre 2016 e 2040, 16% acima do esperado
seguindo as tendências atuais.

O nível de investimento em relação ao PIB teria que subir
dos 3% previstos, nível observado na última década, para 3,5% de forma a
atingir a meta.

Eletricidade e estradas são os dois setores mais importantes,
respondendo por mais de dois terços da necessidade de investimento.

Entre as regiões, o maior gasto absoluto precisa ser na
Ásia, mas o maior buraco entre previsão e necessidade é nas Américas (47% a
mais que na tendência atual) e África (39% pela mesma conta).

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