Depois das críticas do setor empresarial pela dificuldade na
liberação de financiamentos, o BNDES sinaliza uma virada nessa postura. Segundo
o novo presidente da instituição, Paulo Rabello de Castro, o lema agora é
“fazer seis anos em seis meses”. Ele tem pregado internamente uma mudança de
atitude, com adoção de medidas que, acredita, vão acelerar o processo de
concessão de crédito.
As iniciativas têm focado nos desembolsos a micro, pequenas
e médias empresas, mas, segundo Rabello, o BNDES não fechou as portas para as
grandes companhias.
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A nova postura vai ao encontro da percepção do setor
empresarial de que é preciso reanimar a economia com a ajuda do banco de
fomento. No mês passado, o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo
(Fiesp), Paul Skaf, disse que o banco teria de fazer em seis meses o que faria
em seis anos para viabilizar a retomada. Ele criticou a queda de 35% nos
desembolsos da instituição e pediu também que a diretoria do banco desse uma
“injeção de ânimo” no corpo técnico para que as liberações fossem retomadas.
Antecessora de Rabello de Castro no cargo, Maria Silvia
Bastos Marques – que pediu demissão em junho – foi duramente criticada, dentro
e fora do governo, por reter os recursos do banco e “sentar” na liquidez – o
banco tinha, em junho, R$ 150 bilhões em caixa para financiamentos. A
instituição endureceu os critérios para empréstimos principalmente depois dos
problemas enfrentados com empresas envolvidas na Operação Lava Jato. As
críticas dos empresários eram de que, mesmo financiamentos já acertados – como
para obras de concessões, por exemplo – não eram liberados.
Rabello de Castro disse que o Brasil está “neurótico” diante
de tantas investigações e que é preciso destravar o crédito, mas sem perder de
vista o rigor nos critérios de concessão. Ainda mais agora, com a decisão do
Tribunal de Contas da União (TCU) de responsabilizar gestores por créditos
concedidos. “É o novo calendário ‘benedense’, fazer seis anos em seis meses. O
corpo técnico já introjetou o lema”, disse ao Estadão/Broadcast.
Ele tem viajado a Brasília e São Paulo periodicamente para
encontrar parlamentares, governadores e empresários. Reúne todos os pedidos em
uma caderneta para posterior avaliação. A estratégia de ir ao encontro dos
setores também faz parte da tentativa de desburocratizar o processo.
No início de junho, durante sua posse, Rabello ouviu do
ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, diretrizes que têm sido tratadas como
mandamentos dentro do banco. Entre elas estão manter o foco no cliente e não apagar
a luz para o setor privado.
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