Produtores de soja voltam a focar na China

A maior demanda por soja por parte da China deve continuar a
elevar as exportações brasileiras do grão na safra 2017/18, mesmo diante das
perspectivas de uma pequena redução na produção.

A primeira projeção para oferta e demanda da soja cultivada
em Mato Grosso, que lidera a produção do grão do país, indica um aumento de
2,1% nas exportações de soja do Estado em 2017/18, para 17,5 milhões de
toneladas, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Na temporada passada (2016/17), os embarques somaram 17,14 milhões de
toneladas, já um volume recorde.

Conforme a projeção do Imea, a produção de soja em Mato
Grosso na safra que começará a ser plantada em setembro deverá recuar 2,1%
sobre o ciclo anterior, para 30,58 milhões de toneladas, mesmo numa área
plantada 0,2% maior (9,4 milhões de hectares).

Para a produção nacional, a Safras&Mercado também
projeta uma leve queda nesta safra, em decorrência do clima menos favorável ao
desenvolvimento das lavouras, o que deve afetar a produtividade. A consultoria
prevê que o rendimento da soja no país deve sair de 3.378 quilos por hectare,
em média, na safra 2016/17, para 3.205 quilos por hectare na atual. Isso deve
resultar em redução de 0,2% na produção nacional, para 113,2 milhões de
toneladas.

Mas a área na safra 2017/18 deve ser a maior já semeada com
soja no Brasil, segundo a Safras. A extensão plantada deve crescer 5,2%, para
33,7 milhões de hectares.

“A China está comprando muita soja, só não estamos
vendo o preço subir porque a produção é grande”, disse Ângelo Ozelame,
gestor técnico do Imea. De acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA
(USDA), as compras de soja da China somaram 91 milhões de toneladas no ciclo
2016/17 e devem chegar a 94 milhões de toneladas em 2017/18.

De acordo com Ozelame, das 14 milhões de toneladas de soja
exportadas por Mato Grosso no primeiro semestre deste ano, 9,5 milhões de
toneladas tiveram como destino a China.

Além do persistente crescimento da demanda chinesa, há
outros fatores impulsionando as importações de soja pelo país asiático. Um
deles é a redução do imposto sobre valor agregado (VAT, na sigla em inglês) que
incide sobre os produtos agrícolas importados, de 13% para 11%. A maior
profissionalização do segmento de suínos na China também estimula as compras de
soja pelo país, segundo o analista de commodities do Rabobank, Victor Ikeda.
Projeções do Rabobank indicam que a produção de suínos no país asiático deve
crescer 2% neste ano.

A perspectiva de maior demanda por soja é um dos fatores que
fará o produtor plantar mais soja no ciclo 2017/18, mas não o único. Os atuais
níveis de preços da commodity, mais remuneradores quando comparados aos do
milho, principalmente, também contribuem para a decisão.

O menor valor estimado para custeio da produção é outro estímulo.
O Imea prevê custos 6,6% menores para produzir soja em Mato Grosso no ciclo
2017/18 em relação à safra anterior. No Estado, considerando os preços atuais
da soja, a receita bruta com a cultura supera os custos estimados da lavoura em
64%, conforme a Safras. No caso do milho, a receita é só 19% maior do que o
custo.

Diante disso, a produção de milho no Centro-Oeste e Sudeste
deve se concentrar principalmente na segunda safra, a safrinha, e o cereal deve
dar espaço à soja no verão.

No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, o cereal também
deverá ceder espaço para a soja na safra de verão em função dos preços menos
remuneradores.

Leia também: Exportação de milho
acelera, mas a preço menor

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*