A redução do calado dos navios que operam em Santos é um
problema de duas faces: operacional e de gestão. A medida limita a movimentação
de cargas no maior e mais importante do país, mas, sobretudo, desnuda falhas da
administração do porto.
No início de junho a Codesp já tinha em mãos uma batimetria
que apontava assoreamento na entrada do porto. Mas o resultado só teria sido
informado no fim do mês, após a Praticagem, órgão responsável por manobrar os
navios, ter constatado na prática a existência de assoreamento. Questionada, a
Codesp não se manifestou.
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A profundidade limitada combinada com as condições da maré
no dia 29 de junho impediram os navios de zarparem à plena carga.
Ontem, em reunião extraordinária do conselho de
administração da estatal, a diretoria foi cobrada para que faça uma
fiscalização mais eficiente do contrato.
A Codesp tem dois contratos de dragagem. Um com a Dragabrás,
para a manutenção da profundidade do canal de navegação e acessos a berços de
atracação, e outro com a Dratec, para os berços. Ambos têm cláusula de rescisão
relativa à entrada em operação do serviço contratado pela Secretaria Nacional
de Portos, ligada ao Ministério dos Transportes.
O serviço foi licitado em 2015, mas não começou. O contrato
com a vencedora da licitação teve de ser rescindido por “inadequações da
empresa”, informou o Ministério. A segunda colocada assumiu em fevereiro e
recentemente foi dada a ordem de serviço para elaboração dos projetos básico e
executivo.
A Lei dos Portos, de 2013, prevê a concessão do serviço à
iniciativa privada por até dez anos. Mas o mercado não se mostrou aberto a um
negócio tão longo devido à alocação de risco num contrato indexado. Paralelamente,
há propostas para que operadores de terminais, em condomínio, toquem o serviço.
São eles os primeiros interessados em que a dragagem não sofra interrupção para
que os armadores, seus clientes, sejam bem atendidos. A pasta disse que
“as propostas estão sendo analisadas.”
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