Único caso bem-sucedido da terceira etapa de concessões
rodoviárias, a MGO Rodovias, que administra a BR-050 entre Minas Gerais e
Goiás, está à procura de um sócio e avalia vender até 100% do negócio
dependendo da proposta, conforme antecipou o Valor PRO, serviço de informação
em tempo real do Valor. O consórcio de nove empresas que compõem a companhia
contratou o banco de investimentos BTG para ir a campo atrás de um investidor.
A ideia é trazer alguém que injete recursos e libere o
capital dos acionistas para novos investimentos. Na mira está o leilão da
BR-364/365, no trecho de 437 quilômetros entre Uberlândia (MG) e Jataí (GO),
cujo edital o governo pretende lançar nos próximos meses e tem sinergia com a
concessão da BR-050. Procurada, a MGO não confirmou a informação. O BTG não se
manifestou.
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A possibilidade de trazer um parceiro com capital está
presente desde o início da concessão, arrematada em 2013, quando a MGO assumiu
a responsabilidade de gerir, recuperar, conservar, ampliar e operar 436,6
quilômetros entre Cristalina (GO) até o município de Delta (MG).
Tornou-se o exemplo mais bem acabado de empresas de porte
médio, oriundas da construção pesada e distribuição de asfalto, que apostaram
em concessão. O negócio vai bem, mas ainda há pesados investimentos a serem
feitos no empreendimento.
Os sócios da MGO são a Senpar, Construtora Estrutural,
Construtora Kamilos, Engenharia e Comércio Bandeirantes, Gregor Participações,
Maqterra Transportes de Terraplanagem, TCL Tecnologia e Construções, Ellenco
Participações e Vale do Rio Novo Engenharia e Construções. Cada uma tem 11,1%
de participação na concessionária.
A concessão está com o cronograma de obras em dia. Devem ser
investidos ao longo dos 30 anos de concessão R$ 3 bilhões, sendo R$ 1,5 bilhão
nos cinco primeiros anos contados após a emissão da licença ambiental, com data
de julho de 2015. Até agora, a MGO investiu R$ 794 milhões na rodovia e gastou
R$ 226 milhões para manutenção dos serviços e atendimento ao usuário. Dos 218,1
quilômetros que têm de ser duplicados até o fim de 2020, 42% já estão com obras
realizadas.
Os contratos de financiamento de longo prazo foram firmados
em março com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),
Caixa Econômica Federal, BDMG e Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste e
somam R$ 1,1 bilhão. Os recursos são liberados gradativamente, à medida que as
obras são executadas. O maior valor é do BNDES, com R$ 432,7 milhões. O BTG é
credor da MGO via fianças para o BNDES.
Apesar de obter as linhas de financiamento, a MGO vive a
incerteza de conseguir descontingenciar créditos retidos pelos bancos em
decorrência do cenário de crise conjuntural e que só podem ser destravados
mediante o desempenho do fluxo de veículos e geração de caixa.
“O BNDES criou uma regra de contingenciamento pela
desconfiança que o banco já tinha do mercado em 2014. Dizia que estávamos
apresentando uma evolução de tráfego que não estava de acordo com o que foi
projetado. Como não estavam de acordo, disseram que deixariam um limite de
crédito nas condições pactuadas, mas a empresa só acessaria quando comprovasse
que teria a geração de caixa futura prevista”, afirmou Paulo Nuno Lopes, o
presidente da MGO, por e-mail.
A estimativa da MGO é começar a descontingenciar esses
créditos no primeiro semestre de 2018, quando a geração de caixa deverá ser
maior devido à redução de custos dos anos de 2016 e 2017.
A receita da MGO em 2016 foi de R$ 372,8 milhões, sendo R$
205,4 milhões do serviço de construção. Levando em conta somente a receita de
pedágio – o negócio-fim da concessão – o faturamento foi de R$ 167,4 milhões. O
lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) foi
aproximadamente metade disso.
A companhia encerrou o primeiro trimestre com endividamento
bruto de R$ 383 milhões, decorrente da liberação de financiamento de longo
prazo para utilizar na duplicação da rodovia.
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