Nova política chinesa não deve afetar o País

Diante do enorme fluxo de capital deixando a China rumo a
outros países, o governo chinês divulgou, em agosto, novas diretrizes que
desestimulam investimento no exterior. A medida, entretanto, não deverá causar
uma inversão no fluxo de recursos para o Brasil – aportes em setores como
infraestrutura e energia continuarão sendo estimulados pelo governo daquele
país.

O governo de Xi Jinping já havia anunciado, no fim de 2016,
que não incentivaria mais investimentos em alguns segmentos no exterior, o que
resultou em uma queda de 44%, para US$ 57,2 bilhões, no volume aportado
globalmente pelas empresas do país nos sete primeiros meses de 2017, excluindo
o setor financeiro. Agora, em agosto, o governo especificou que serão
desestimulados os investimentos nas áreas imobiliária, hoteleira,
cinematográfica, de entretenimento e em equipes esportivas. Nos últimos anos,
os chineses haviam comprado participações em empresas como o Cirque du Soleil,
as redes hoteleiras Hilton e Club Med e os times de futebol Atlético de Madrid,
Inter de Milão e Milan.

No Brasil, entretanto, quase não foram aplicados recursos
nesses segmentos e um indicativo de que os investimentos continuam são as
transações de fusões e aquisições realizadas no primeiro semestre de 2017 no
País: o volume de capital envolvido nelas representa 74% do total do ano
passado.

“O que acontece agora é que o governo chinês quer
centralizar os investimento em áreas que considera estratégicas. No Brasil, os
aportes tradicionalmente já são nesses setores. O fluxo (de recursos) deve
continuar em energia e óleo e gás, por exemplo”, diz Alessandro Zema, responsável
pela área de banco de investimento do Morgan Stanley.

Parceiros. O presidente da Câmara de Comércio e Indústria
Brasil-China, Charles Tang, reforça que os chineses continuarão no País. “Para
infraestrutura, não tem restrição (do governo)”, diz. “O Brasil é um importante
parceiro porque fornece produtos estratégicos, como minérios e alimentos, para
a China garantir seu crescimento sustentável”, acrescenta.

Uma diversificação maior do perfil das empresas adquiridas
pelos orientais, como começava a aparecer, porém, pode acabar não ocorrendo por
aqui. Pouco mais de um mês antes de o governo chinês anunciar as novas
diretrizes, a chinesa Fosun, que tem forte atuação nos setores financeiro e de
entretenimento, havia comprado seu primeiro empreendimento imobiliário no
Brasil – uma torre corporativa em São Paulo.

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