Saiba como funcionará a integração do transporte no DF com o Bilhete Único

O novo modelo de bilhetagem do transporte público do
Distrito Federal passa a valer a partir desta segunda-feira (25/9). A principal
novidade é que todos os usuários do Bilhete Único usarão o mesmo cartão para
transitar por ônibus e metrô. Além da integração entre os dois modais, o GDF
aumentou o número de postos de emissão dos cartões, que passaram de apenas seis
para 33, sendo um em cada estação do metrô, além dos postos do DFTrans. O
governo manteve, no entanto, o número limite de conduções por trajeto, três em
um único sentido; e as duas horas de validade do crédito por viagem.

Se o prazo for extrapolado por conta de um engarrafamento,
por exemplo, e o passageiro ainda tiver que pegar mais uma condução, terá que
pagar novamente o preço da passagem. A recarga pode ser feita pela internet e o
boleto, pago em qualquer agência bancária. O valor é depositado na conta do
usuário em 48 horas. Os cartões são pessoais e intransferíveis e, em caso de
roubo, é possível bloqueá-los pelo endereço virtual
www.bilheteunicodebrasilia.df.gov.br, retirar um novo e transferir os créditos.

O cartão é entregue no ato da inscrição, mas o usuário tem
que fazer uma recarga mínima de R$ 10. O governador do DF, Rodrigo Rollemberg,
comemorou o lançamento. “Vai trazer mais segurança, agilidade, mas, sobretudo,
um transporte público mais barato. Todas as pessoas que precisam usar mais de
uma condução, pagarão uma única passagem para ir de casa para o trabalho ou
para visitar um amigo ou parente. E estamos fazendo outros investimentos em
mobilidade urbana. Já entregamos 17 terminais novos ou reformados, aumentamos o
número de estações de bicicleta compartilhada, estamos ampliando a estrutura
viária do DF com o trevo de triagem norte e, neste momento, estamos construindo
70km de ciclovias, inclusive ligando Plano e Taguatinga”, contabilizou.

O secretário da Secretaria de Mobilidade Urbana do DF, Fábio
Ney Damasceno, comentou o funcionamento do novo sistema. Segundo ele,
estudantes não precisarão fazer recadastramento, pois já fizeram no início do
ano. Já portadores de necessidades especiais passarão pelo procedimento em
outubro e receberão os novos cartões em novembro. “O Criança Candanga, que dá
isenção para crianças de 3 a 5 anos acompanhadas de um adulto, e o
melhor-idade, para quem tem mais de 60, entre janeiro e fevereiro e o de
turistas, também no segundo mês de 2018”, elencou.

O Bilhete Único conta com 10 modalidades de cartões para
abarcar as situações específicas de cada usuário do transporte público. “Se a
pessoa sai de Brazlândia para Planaltina sem o cartão, pegando dois ônibus e o
metrô, pode gastar R$ 12,50. Mas, agora, ela tem um posto na cidade onde mora,
faz a recarga pela internet e faz o trajeto com os mesmos modais pagando apenas
R$ 5, sem necessidade de parar para recarregar. Temos uma nova família de
cartões e toda a população tem direito”, detalhou Damasceno.

 

Questão de cidadania

 

Diretor Nacional do Instituto Nacional Pelo Direito ao
Transporte Público e ex-secretário de transporte do DF, Nazareno Afonso elogiou
a iniciativa. Segundo ele, cada cidade deve encontrar as soluções para um
modelo de transporte público. Porém, o especialista ressalta, algumas saídas
valem para todas as situações. “É o caso do Bilhete Único. Com ele, o usuário
passa a ter mais direitos sobre a cidade com o mesmo valor de deslocamento. É
um cálculo econômico complexo que o governo precisa fazer, mas um predicado de
cidadania para a população”, disse.

Nazareno Afonso também comparou a iniciativa à de outras
capitais. “Em Curitiba, no Paraná, eles usam o sistema estrutural, popularmente
chamado de curral. Nesse caso, é o poder público que decide sobre a integração.
No nosso, quem decide é o próprio usuário. Na capital paulista, tem um sistema
parecido. É uma cidade muito grande e com muitas linhas e também passou por
desafios complexos. Em Paris, na França, eles fizeram diferente. Dividiram a
cidade em anéis e cada setor tem um valor. Você paga a mais para mudar de um
para o outro e, em Florianópolis, Santa Catarina, eles tiveram uma experiência
ruim, aumentando o número de baldeações e o valor de cada uma. É a antítese do
bilhete único e deu muita confusão”, recorda.

O coordenador geral da Organização Não Governamental (ONG)
Rodas da Paz, Bruno Leite, elogiou a iniciativa, mas fez cobranças ao
governador. “Pedimos que ele apresse a assinatura do decreto das zonas 30, para
redução da velocidade em certos trechos, estacionamentos rotativos, para
desestimular as pessoas a usarem carros em algumas situações e a conexão entre
as malhas cicloviárias do DF”, listou. A coordenadora administrativa fez
algumas ressalvas. “O DF é muito grande e tem muito congestionamento. Podiam
passar de duas para três horas a durabilidade do crédito. Eles também não
falaram nada sobre valores mais baratos para quem fizer uma recarga mensal, por
exemplo. Isso geraria mais economia”, pontuou.

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