Grupo da China faz proposta, e metrô prevê retomar linha das universidades

A futura linha 6-laranja do metrô
paulistano, conhecida como “linha das universidades”, ganhou nesta
quarta-feira (4) uma nova previsão para a retomada de obras.

A Secretaria dos Transportes
Metropolitanos do governo Geraldo Alckmin (PSDB) emitiu nota em que diz ter
recebido uma proposta formal de um consórcio de empresas asiáticas para a
aquisição integral da linha. O consórcio é formado por duas empreiteiras
chinesas (China Railway Capital e China Railway First Group) e um grupo de
investidores japoneses liderados pelo conglomerado Mitsui.

A linha 6, que ligará a
Brasilândia (zona Norte) à estação São Joaquim (centro) está com as obras
paralisadas há um ano. O consórcio Move SP, responsável pela linha, tem entre
suas integrantes três empreiteiras envolvidas na operação Lava Jato (Odebrecht,
Queiroz Galvão e UTC Engenharia), e a investigação dessas empresas inviabilizou
a obtenção de financiamento para a continuidade das obras, iniciadas em janeiro
de 2015. Nos termos do contrato de concessão, a concessionária é a única
responsável pela obtenção dos financiamentos.

Segundo o governo paulista, após
a entrega da proposta, ainda é necessária a apresentação de todos os documentos
necessários para a transferência, entre eles garantias de empréstimos de longo
prazo do BNDES. O prazo para esse processo é de 90 dias, e o contrato deve ser
assinado após o cumprimento dessas exigências. O secretário estadual dos
transportes, Clodoaldo Pelissioni, espera que no início de 2018 as obras já
possam ser retomadas. “O ritmo não tem sido o esperado por nós, mas com
certeza foi uma solução melhor do que decretar caducidade [extinção] do
contrato e fazer uma nova licitação para as obras”, disse Pelissioni.

O governo estadual tinha dado até
o próximo dia 9 de outubro um prazo para que o consórcio responsável pela linha
6-laranja encontrasse uma saída para a suspensão das obras.

As duas empresas chinesas são
subsidiárias de um megagrupo de construções, o China Railway Group, que há três
anos figura entre as 500 maiores fortunas mundo, segundo a revista
“Fortune”. No ano passado, o grupo estava na posição 55, entre as
grandes fortunas do globo.

A empresa, majoritariamente
estatal, tem participações de projetos em 90 países, incluindo Emirados Árabes,
Estados Unidos, Angola, Argéria, além de projetos e construções na Antártica.

Com isso, a previsão do governo
do Estado é que a construção da linha laranja seja retomada em janeiro de 2018.
O secretário de Transportes, Clodoaldo Pelissioni, afirmou “estar muito
satisfeito com o êxito da negociação” e ressaltou o impacto que a linha
terá nos moradores das zonas norte e oeste, e dos universitários que seriam
beneficiados.

O governo afirma ainda que não há
pendências suas com a concessionária impedindo a retomada das obras, que estão
em 15% do total, e diz ter feito o aporte de R$ 694 milhões para pagamento de
obras civis e R$ 979 milhões para pagamento das desapropriações de 371 ações
envolvendo a linha. Além disso, aplicou multas à Move SP que somam R$ 27,8
milhões.

 

ATRASO

 

Com 15 km de extensão e 15
estações, a linha 6-foi apelidada de linha das universidades, por ter em seu
trajeto sedes de instituições de ensino como PUC, Mackenzie e FAAP. O anúncio
da linha foi feito ainda na gestão José Serra (PSDB), em 2008. Na época, a
promessa era de que a linha já estaria em operação em 2012.

Na época, moradores de
Higienópolis se organizaram para protestar pela presença do metrô. O termo
“gente diferenciada” chegou a ser usado para descrever as pessoas que
seriam atraídas por uma estação no tradicional bairro paulistano.

A assinatura do contrato de PPP
(parceria público privada) só ocorreu em dezembro de 2013, quando a estimativa
era de que a linha poderia funcionar parcialmente até 2018.

O contrato foi comemorado por ser
a primeira PPP plena do Brasil. Ou seja, o consórcio vencedor não apenas faria
a obra, como seria responsável pela operação da linha por 25 anos. A
expectativa é de que isso tornaria o projeto mais atrativo à iniciativa
privada, além de incentivar o término das obras. O custo total do
empreendimento é de R$ 9,6 bilhões, dos quais R$ 8,9 bilhões serão divididos
entre governo e o consórcio.

 

OUTRAS LINHAS

 

Ramais previstos no planejamento
da Secretaria de Transportes Metropolitanos em 2013, mas que não tiveram nem as
obras iniciadas

Linha 19-celeste (Campo Belo –
Guarulhos)

Linha 20-rosa (Limão – Santo
André)

Linha 23-magenta (Lapa – Dutra)

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