Usinas devem priorizar etanol na próxima safra

Embora o tamanho da próxima safra de cana, a 2018/19, ainda
esteja indefinido, uma vez que o desenvolvimento dos canaviais depende das
chuvas deste verão, um cenário é praticamente certo: as usinas devem priorizar
a produção de etanol no ciclo que se inicia em abril, após duas temporadas
fortemente açucareiras. O motivo é que o etanol está remunerando mais as
empresas do que o açúcar.

Estimativas preliminares indicam que as usinas do Centro-Sul
do país poderão elevar a produção do biocombustível em cerca de 2 bilhões de
litros em relação à safra atual, a 2017/18, enxugando a oferta de açúcar em 3
milhões de toneladas. Esse é o quadro considerando os atuais níveis de preços
dos dois produtos, diz Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da União das
Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica).

Pesa para essa perspectiva o fato de as usinas da região
terem fixado o preço de um volume relativamente baixo de açúcar da próxima
safra até o momento junto às tradings. Além disso, o preço do etanol está
remunerando mais as usinas. “Não há cenário de mudança de preço de açúcar
e de câmbio para que o açúcar fique mais favorável”, afirmou Padua.

Por sua vez, o aumento da fabricação de etanol deve atender
a uma demanda por combustíveis que tende a crescer neste ano. A Unica trabalha
com uma estimativa de alta de 3% a 4% no consumo de combustíveis do ciclo Otto
(gasolina e etanol) sobre 2017, que até novembro totalizou 48,8 bilhões de litros
equivalentes em gasolina – considerando dados da Agência Nacional de Petróleo,
Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

A tendência mais alcooleira da safra 2018/19, que deve dar a
tônica no primeiro terço do ciclo (até junho), a princípio independerá da
oferta de matéria-prima. Neste momento, as plantas estão em desenvolvimento e
dependem de chuvas regulares até março.

Mesmo que a quantidade de cana-de-açúcar se mantenha
estável, a concentração de sacarose (ATR) pode ser menor por causa das chuvas,
na opinião de Figueiredo – diferentemente da safra passada, quando o ATR foi
elevado devido à seca no inverno.

Até agora, as chuvas estão favorecendo boa parte dos
canaviais. Na maior parte do Centro-Sul, o índice de umidade no solo está entre
90% e 100%, mesmo onde as chuvas de dezembro ficaram abaixo da média, de acordo
com a Somar Meteorologia.

Contudo, há diferenças regionais. Segundo Padua, o clima tem
sido “muito favorável” nas áreas produtoras de Mato Grosso do Sul e
Paraná, mas ainda é cedo para descartar mudanças de produtividade. Em Maringá
(PR), as chuvas de dezembro ficaram 22% abaixo da média, enquanto em Vicentina
(MS), as precipitações superaram a média em 54%.

Já em Goiás, a produtividade deve ser afetada, com redução
entre 3% e 5%, bem como nas lavouras paulistas do sul do rio Tietê, conforme o
diretor da Unica. Em Quirinópolis (GO), por exemplo, as chuvas de dezembro
ficaram 6% abaixo da média. Ao norte do Tietê, a princípio as condições estão
iguais às da safra passada.

Padua disse, porém, que deve pesar negativamente sobre a
produtividade geral do Centro-Sul o envelhecimento dos canaviais, que devem
passar de uma idade média de 12,7 anos na safra 2017/18 para 14,2 anos no
próximo ciclo.

Além disso, existe uma expectativa de aumento do plantio de
cana entre dezembro e março, quando as variedades crescem por um ano e meio,
ficando prontas para o primeiro corte apenas na safra seguinte. “Isso
reduz a área de colheita desta safra”, observa Pádua.

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