“Leve” em ativos, Gavilon decola no mercado de grãos

Com operações concentradas em portos
do Arco Norte e baixo custo fixo, a Gavilon, trading de origem americana
controlada desde 2013 pela japonesa Marubeni, conquistou um protagonismo nas
exportações brasileiras de grãos difícil de ser repetido em tão pouco tempo. Em
2015, embarcou pelos portos de Barcarena, no Pará e Itaqui, no Maranhão, 773
mil toneladas de soja e milho. No ano passado, o volume chegou a 4,1 milhões de
toneladas, e a empresa ficou em sétimo lugar no ranking dos maiores
exportadores da oleaginosa.

No mercado de soja, a Gavilon, cujo
faturamento total no país já atinge US$ 1,6 bilhão por ano, só perdeu em 2017
para as multinacionais que formam o tradicional grupo das ABCD – as
americanas ADM, Bunge e Cargill e a francesa Louis Dreyfus Company -, para a
chinesa Cofco, também em franca expansão no Brasil, e para a Amaggi, maior
companhia brasileira do segmento.

A receita para essa rápida expansão
está no modelo de negócios, definido pela Gavilon como asset light,
já que é leve em ativos. Com essa estratégia, disse Fabrício Peres
Mazaia, presidente da companhia no Brasil, não há o pesado custo fixo
necessário para a aquisição e manutenção de silos e galpões, tampouco de
centros de processamento e de distribuição, que não fazem parte do foco de seus
negócios no país. A empresa terceiriza seus serviços de transportes e
armazenagem de cooperativas e até de produtores.

No Brasil, o centro de tomada de
decisões de compra e venda de grãos e de contratação de fretes rodoviário ou
marítimo é no escritório central localizado em São Paulo. Há autonomia em
relação à matriz, que fica em Omaha, no Estado americano de Nebraska. A Gavilon
também tem operações na Europa (Espanha, Itália e Suíça) e na Ásia (China e
Hong Kong). Ao invés de acionar meu escritório em Genebra para fazer a
interface com a China, fazemos negócio diretamente com o importador chinês, o
que torna a empresa muito dinâmica, afirmou Mazaia ao Valor.

O número de funcionários também é
pequeno. A empresa conta com 120 funcionários no país, espalhados por cinco
regionais sediadas em polos importantes do agronegócio: Sorriso (MT), Passo
Fundo (RS), Londrina (PR), Rio Verde (GO) e Luís Eduardo Magalhães (BA).
Gerenciando custos, conseguimos ser mais competitivos na originação de
grãos, na formação dos preços e na compra do grão, e é assim que temos crescido
muito no Brasil, disse o executivo.

Mazaia evita comentários sobre os
preços que a Gavilon paga aos produtores. Disse não haver muita diferença entre
os valores praticados pela empresa e pelas concorrentes, e, como as
concorrentes, reclama que as margens de lucro da atividade no país estão
apertadas. Segundo fontes de mercado consultadas pelo Valor,
contudo, a empresa consegue pagar, dependendo da época, até R$ 3 por saca de
soja a mais que outros players.

A gente vê que esse mercado já
mudou muito. No passado, eram 50 grandes empresas recebendo grãos, mas
atualmente não temos nem 30. Mas o que não pode é o produtor ficar na mão da
trading X ou Y, temos que ter opções, afirmou o agricultor Oscar Durigan,
que planta soja e milho no município de Montividiu, região de Rio Verde (GO).

Mas a própria Gavilon reconhece que
tem um teto de crescimento baseado nesse modelo de negócios com ativos
leves. Em seus cálculos, poderá movimentar no máximo 8 milhões de
toneladas de soja, milho e trigo — hoje são 6 milhões no total. Se
quisermos avançar além disso, teremos que adquirir ativos estratégicos. Mas
hoje o mercado está me dizendo para não investir em ativos, disse Mazaia.

Leia Mais: OMC volta a expor o protagonismo
agrícola do Brasil

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