No poder desde 1995, as gestões do PSDB
entregaram até hoje 32 estações de metrô. Uma média de 1,3 por ano. E dessas,
75% foram inauguradas em anos em que o partido disputava a reeleição para o
estado. Se entregar o que promete para esse ano, os tucanos vão ter inaugurado
83% das estações em anos eleitorais. Aliás, nos primeiros sete anos desta
última gestão, o governador Geraldo Alckmin entregou 11 estações. Mas, em um
único ano, agora em 2018, vai inaugurar 18.
Algumas estações eram previstas para
serem entregues antes da Copa de 2014, como as do Monotrilho da linha 17-Ouro,
que vai passar pelo aeroporto de Congonhas. O argumento era de que seria uma
obra mais rápida e mais barata, mas agora é prevista para dezembro de 2019 e o
orçamento mais do que dobrou. A linha nem começou a operar e já se sabe que vai
ser deficitária.
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De acordo com dados passados pela
Secretaria dos Transportes Metropolitanos de São Paulo para a imprensa no
começo da atual gestão Alckmin, a previsão era de que, entre 2011 e 2017 fossem
entregues 90 estações. Mas, até dezembro do ano passado, o tucano inaugurou só
11 estações.
Carlos Aranha, coordenador do Grupo de
Trabalho de Mobilidade Urbana da Rede Nossa São Paulo, explica que, em 2018, os
ônibus da cidade ainda oferecem um atendimento 2,5 vezes maior do que a malha
do metrô. O resultado afeta os paulistanos de diversas formas: desde o tempo
gasto na locomoção diária, até a qualidade do ar. Para Carlos, a gestão dos
últimos 24 anos poderia ter adotado políticas mais eficientes para a ampliação
do Metrô.
“Se isso vem acontecendo somente em
ano eleitoral, talvez o político esteja pensando mais na política para si
próprio do que na política real. Não sei se essa eficiência prometida através
de parcerias público-privadas ou de licitação de obras tem se mostrado real. Na
prática o que a gente tem visto são décadas de atrasos e de uma dívida com
mobilidade urbana na cidade que não vemos nem mesmo perspectivas de ser atacada
de uma maneira séria”, afirma Carlos.
O Secretário de Transportes
Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni, que assumiu o cargo em janeiro de 2015,
explica que há vários motivos para os atrasos, mas que o governo Alckmin nunca
atrasou obras para que fossem inauguradas em anos eleitorais:
“Isso é uma coincidência. Nós não
trabalhamos para inaugurar estações em ano par ou ímpar. Trabalhamos para
inaugurar estações o quanto antes. Nossa gestão aqui teve inúmeros problemas
que relatamos: a Lava-jato, crise econômica e necessidade de rescindir
contratos. Com isso tivemos alguns problemas para fazer com que as obras e o
sistema tivessem avanço”, defende Pelissioni.
Ao longo dos últimos anos, o governador
Geraldo Alckmin têm atribuído os atrasos à crise econômica, mesmo para aquelas
estações que deveriam ter sido entregues antes do período de recessão. Além
disso, Alckmin afirma que as principais empreiteiras tiveram problemas por estarem
envolvidas na Operação Lava-jato. Mas, o Ministério Público de São Paulo aponta
que, antes mesmo do início da Lava-jato, já havia um cartel envolvendo as
linhas do Metrô e da CPTM.
Os documentos apresentados pelas
empreiteiras, divulgados em dezembro do ano passado, indicam que esquema de
cartel operou de 2004 até 2015 em obras que custaram cerca de R$ 10 bilhões aos
cofres públicos durante os governos dos tucanos José Serra, Alberto Goldman,
Claudio Lembo e Geraldo Alckmin.
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