Vale diz que terá que reduzir produção, se greve continuar

O impacto da greve de caminhoneiros até
agora nas operações da Vale foi reduzido, disse nesta terça-feira o presidente
da mineradora, Fabio Schvartsman. Segundo ele, porém, se a parada persistir por
mais alguns dias, será necessário reduzir o ritmo produtivo.

A companhia destacou que está se
beneficiando por ser bem servida por estradas de ferro e pode acelerar a
produção para compensar qualquer perda causada pela greve de caminhoneiros no
Brasil, afirmou Schvartsman. Segundo ele, a empresa é grande o suficiente para
conseguir trazer parte dos suprimentos necessários para a operação de trem e
mudar a lógica de fornecimento conforme identifica falta de algum insumo por
conta da paralisação.

Além disso, hoje a empresa opera abaixo
de sua capacidade produtiva, o que abre espaço para uma recuperação, se
necessário. “Todas nossas minas são servidas por rodovia e ferrovia, então
todas sentiram algum impacto da greve. Mas por enquanto estamos conseguindo
lidar com os gargalos”, disse o executivo a jornalistas. “Se o efeito for
maior, podemos rapidamente recuperar a produção porque operamos abaixo de nossa
capacidade.”

O executivo destacou também que a Vale
trabalha para a renovação de concessões ferroviárias que divide com outras
empresas, como na VLI. Isso fará com que a mineradora invista para aumentar a
malha desse tipo de modal, acrescentou. Essa discussão sobre o modal se
intensificou com a greve de caminhoneiros que entrou hoje em seu nono dia e
travou as estradas do país. “Temos uma joint venture de infraestrutura,
logística, transportes e armazenamento, a VLI, na qual temos parceria com a
Brookfield e a Mitsui”, lembrou Schvartsman. “Então nós trabalhamos também para
melhorar a infraestrutura brasileira.”

Ao participar do Fórum de Investimentos
Brasil 2018, em São Paulo, Schvartsman afirmou que o Brasil tem grandes
oportunidades de investimento e crescimento e mesmo com “testes” recentes,
mostra que é um país democrático. De acordo com ele, as instituições
democráticas têm sido constantemente testadas e mostram “resiliência” mesmo
assim.  

 

Minério

 

De acordo com o executivo, a Vale tem
conseguido manter uma constância na composição química do minério que entrega
aos clientes internacionais, algo cada vez mais exigido no mercado
transoceânico, por meio da estratégia de “blendagem”, ou mistura de minérios
com diferentes qualidades.

 “Claro que as produtoras australianas vão
investir para recuperar capacidade perdida com exaustão e, consequentemente,
seu ‘market share’”, disse. “Mas nossa prioridade não é ter participação de
mercado simplesmente, é criar valor, e estamos nesse caminho.”

Em sua fala, o executivo citou os
esforços de “blend” do minério de ferro da companhia, ou seja, a mistura com
outros materiais, que devolveu à Vale a liderança mundial de qualidade do
produto, considerando a referência internacional de pureza do minério. “E
fazemos parcerias com a Ásia [muitas vezes para pelotização e “blendagem”]
desde 1955.

O presidente da Vale lembrou que as
minas de minério de ferro da Austrália e da China estão em processo acelerado
de exaustão e em breve devem aliviar a oferta mundial. Além disso, as
produtoras dessas países, grandes concorrentes da Vale, podem perder mercado
porque a qualidade de seu produto cairá paulatinamente.

Ultimamente, até por um processo
ambiental e de aumento de produtividade das siderúrgicas, o mercado pede cada
vez mais um minério de maior qualidade. Um minério que praticamente só a Vale
tem no mundo”, disse o executivo. “Essa exigência também criou um piso nos
preços, perto de US$ 60 por tonelada, que é o custo do produtor marginal deste
tipo de minério para entregá-lo na China.”

 

– Fonte: http://www.valor.com.br/empresas/5557355/vale-diz-que-tera-que-reduzir-producao-se-greve-continuar


 

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