Dakang diz que irá manter originação de grãos no Brasil

Em reestruturação, a mato-grossense
Fiagril vendeu um armazém de grãos e arrendou outros seis dos 12 que possuía.
Esse movimento, no entanto, não representa a saída da empresa do negócio de
originação de grãos. É o que garantiu ao Valor o vice-presidente da empresa
chinesa Dakang International, Richard Fan. Controladora da Fiagril há dois
anos, a Dakang é o braço agrícola do grupo chinês Pengxin.

Conforme o Valor informou na edição de
terça-feira, com base em fontes próximas às negociações para reestruturação da
Fiagril, a empresa manterá apenas três dos 12 armazéns para soja e milho em
Mato Grosso, o que representaria praticamente a saída dela do negócio de
originação. Em visita ao Brasil, Fan rebateu a informação.

Contratado pela Dakang para reestruturar
a Fiagril, o novo presidente da empresa, Luiz Gustavo Figueiredo da Silva,
afirmou que a Fiagril manterá cinco armazéns de grãos em operação e também
poderá utilizar a estrutura de quatro dos seis armazéns que foram arrendados.
Dos seis armazéns, quatro foram arrendados aos sócios minoritários da Fiagril –
Marino Franz, que detém 20% da Fiagril, e Miguel Ribeiro, com 9%. São esses os
armazéns que poderão ser utilizados, conforme o executivo. Os outros dois foram
arrendados a terceiros.

Segundo Fan, a Dakang está buscando
“soluções” para a Fiagril operar de maneira mais lucrativa na área de
originação de grãos. Conforme o Valor informou, os motivos que provocaram a
decisão da Friagril de se desfazer de armazéns vão desde de problemas culturais
de gestão a “esqueletos” que passaram despercebidos no processo de
due diligence, como os altos índices de inadimplência.

“Nunca seguramos qualquer
investimento no Brasil. O que estamos fazendo é pensando um novo modelo de
negócios”, disse Fan, que também admitiu que os resultados da paranaense
Belagrícola, controlada pela Dakang, estão melhores do que os da Fiagril. Assim
como a empresa de Mato Grosso, a Belagrícola atua nas áreas de originação de
grãos e de distribuição de insumos.

“O modelo deste negócio [de
trading] deve ser melhorado. A rentabilidade é muito baixa. Não está à altura
do nosso padrão”, admitiu. Questionado, Fan não quis detalhes a situação
financeira da Fiagril. Em 2017, a receita líquida da empresa somou R$ 3,4
bilhões.

Segundo Fan, a operação tradicional de
comercialização (trading) de grãos não traz rentabilidade. “O que estamos
tentando fazer é reduzir a participação na área pura de trading de grãos”,
indicou.

Segundo o novo presidente da Fiagril, a
companhia “não passará por reestruturação financeira, mas apenas
operacional”. A Dakang também contratou a consultoria Mckinsey para
auxiliar no processo de reestruturação.

“Estou vendo uma situação muito
melhor do que eu achava que ia ter”, disse ele, que é especializado em
reestruturação. Segundo Silva, será preciso reestruturar o negócio de trading
da Fiagril, trazendo pessoas que conheçam bem esse tipo de operação e melhorar
a logística.

A gente vai ter que ter uma estrutura
logística, contrato com ferrovias e portos”, afirmou. Uma parceria com a
Cianport, área de logística que pertence a acionistas minoritários da Fiagril,
é uma das possibilidades, conforme o executivo.

Em relação à estrutura de armazenagem da
Fiagril, o novo presidente sustentou que os cinco armazéns que continuarão
sendo tocados pela empresa “são maiores e mais bem posicionados” que
os demais. No entanto, não quis descartar a possibilidade de arrendar outros
armazéns a terceiros no futuro.

Armazenagem não é mais um problema em
Mato Grosso como era há dez anos”, disse, argumentando que hoje existe
capacidade ociosa de armazenagem no mercado e muitos produtores têm armazéns
próprios. “O nosso objetivo é ser uma companhia ‘asset light’ [poucos
ativos] para podermos focar nas compras”, afirmou Silva. Nesse cenário, a
Fiagril já tem comprado soja e deixado armazenada com o próprio produtor,
quando há essa possibilidade.

 

– Fonte: http://www.valor.com.br/agro/5609985/dakang-diz-que-ira-manter-originacao-de-graos-no-brasil


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