Revitalização de linha férrea cria expectativa por aumento de trens turísticos no Sul de Minas

Com a
publicação da licitação que irá escolher a empresa que fará a recuperação da
linha férrea que liga São Lourenço (MG) a São Sebastião do Rio Verde (MG), o
Sul de Minas já tem uma previsão para ganhar um novo trem turístico. A
recuperação desta linha férrea, cria uma expectativa para que outros trechos
também possam voltar a circular na região.

Hoje a
região possui duas linhas em funcionamento: o Trem da Mantiqueira, que circula
em Passa Quatro (MG) e o Trem das Águas, que liga São Lourenço a Soledade de
Minas (MG). Um outro trecho, entre Poços de Caldas (MG) e Águas da Prata (SP),
chegou a ter um convênio assinado para reativação da linha, mas o projeto não
saiu do papel. Há ainda a previsão para que seja implantado em breve um novo
trem que faria o trajeto turístico entre Lavras (MG) e Varginha (MG).

O G1 lista
abaixo a situação de todos os trens turísticos em funcionamento no Sul de Minas
e também os projetos e discussões de revitalização.

 

São
Sebastião do Rio Verde

 

Em São
Sebastião do Rio Verde, no dia 5 de julho, foi assinado um convênio para
revitalização do trecho ferroviário de 20 km que liga o município a São
Lourenço. No dia seguinte, a Prefeitura Municipal publicou o edital de
licitação para contratar a empresa que terá um ano para concluir as obras.

“As
empresas interessadas apresentarão a documentação do certame no dia 17 de
agosto. E, no dia 24, serão apresentadas as propostas para as obras que deverão
começar após as eleições, ainda em outubro deste ano”, fala o assessor de
Controle Interno da Prefeitura de São Sebastião do Rio Verde, Claudinei Pascoal
Ribeiro.

Segundo a
Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge), através de sua
assessoria de comunicação, a recuperação dos trilhos que ligam São Sebastião do
Rio Verde a São Lourenço, está orçada em mais de R$ 7,8 milhões. Desse valor,
R$ 343,7 mil terão que ser bancados pelo município como contrapartida.

“A vigência
do convênio é de 840 dias, com início neste mês de julho de 18. A contratação
das obras caberá ao Município de São Sebastião do Rio Verde”, explica.

A prefeitura
de São Sebastião do Rio Verde (MG) informou que já recebeu o valor de R$ 5,2
milhões. Outros R$ 2,2 milhões estão previstos para serem repassados em março
de 2019. E ao final do processo de licitação, será aberto novo edital para
exploração do trecho.

 

O Trem das
Águas

 

O Trem das
Águas de São Lourenço tem uma linha com 10 km de extensão, ligando as estações
de São Lourenço e Soledade de Minas. Segundo a Associação Brasileira de
Preservação Ferroviária (ABPF), entidade responsável pelo Trem das Águas, a
Estação de São Lourenço, construída em 1925, foi recuperada e adaptada com
infraestrutura e acessibilidade necessárias para a operação.

“A linha
segue para Soledade margeando o Rio Verde, onde o turista tem a oportunidade de
conhecer o aeroporto de São Lourenço e a pequena estação Parada Ramon, no KM
85”, detalha Bruno Sanches, presidente da associação.

Ele comenta
que nos passeios de ida e volta, ainda pode haver feiras de artesanato local e
orquestra de violeiros no trem. Todos os finais de semana e feriados, o trem
parte em dois horários aos sábados e em um no domingo. Os valores do passaporte
variam de R$ 65,00 a R$ 85,00, conforme a classe escolhida.

Outro trem
turístico em funcionamento no Sul de Minas é o chamado Trem da Mantiqueira. Ele
liga as estações central a de Coronel Fulgêncio em Passa Quatro (MG). Esta
linha também tem 10 km de extensão. A Estação Central de Passa Quatro foi
construída em 1884 e também foi recuperada.

“O trem
inicia a subida da serra, passando pelas corredeiras do Manacá e a ponte
Estrela. Há exposição fotográfica de minisséries filmadas no local (Mad Maria e
JK), fotos de máquinas e carros recuperados pela ABPF além de fotos da
Revolução Constitucionalista de 1932. Também é oferecido um passeio cortesia ao
Túnel”, descreve Bruno.

O Trem da
Mantiqueira funciona com dois horários aos sábados e um no domingo. O ingresso
custa R$ 60,00.

 

Poços de
Caldas

 

Um convênio
assinado em janeiro de 2016, entre a Codemge e a Prefeitura de Poços de Caldas
(MG), previa a recuperação e reativação do trem que ligaria Minas Gerais a São
Paulo (Águas da Prata). No entanto, o projeto não chegou a sair do papel. A
assessoria da Codemge, ex-Codemig, também informou que o acordo em questão
tinha vigência de 20 meses e foi encerrado em setembro de 2017.

Na ocasião,
“a execução dos serviços e obras necessários à implantação de Trem Turístico
Cultural com tração a vapor em Poços de Caldas não foi adiante, considerando
que a Prefeitura não concluiu o processo licitatório para contratação dos
projetos necessários à implantação da iniciativa e não apresentou os documentos
imprescindíveis ao andamento da ação. Portanto, não houve repasse de recursos,
nem execução de obras durante a vigência do termo”, justifica.

Segundo o
secretário de Turismo da Prefeitura Municipal de Poços de Caldas, Ricardo
Oliveira, O repasse seria de R$ 10 milhões com contrapartida de R$ 2 milhões do
município.

“Como o
projeto já era para estar implantado em agosto de 2017, nós pedimos a
prorrogação porque não tinha tempo hábil pra gente dar continuidade. Pedimos a
prorrogação desse convênio e a Codemge não quis assinar essa prorrogação”,
argumentou.

 

O Expresso
do Rei

 

Um novo
projeto pretende implantar um novo trem turístico entre Lavras e Varginha,
passando por Carmo da Cachoeira (MG) e Três Corações (MG). A iniciativa é da
ONG Circuito Ferroviário Vale Verde (CFVV). Segundo o presidente, César Mori
Júnior, o trem turístico, que será chamado de “Expresso do Rei”, já tem uma
locomotiva em funcionamento e há estudos sobre a reforma dos galpões.

“Todo
processo de reforma da linha até Varginha está diretamente ligado à devolução
da linha pela atual concessionária. Uma reunião em agosto, será feita com a
Associação Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para resolver essas
questões”, explica.

A ideia é
que o novo trem turístico possa utilizar parte de linhas férreas concedidas à
Ferrovia Centro Atlântica, em especial pontos que passam dentro dos municípios,
que hoje não são utilizadas, já que a empresa opra apenas a rota de escoamento
do minério.

A ONG também
faz um trabalho de recuperação dos galpões da antiga Rede Ferroviária Federal
(RFFSA). Esse trabalhou resultou recentemente em uma visita da Comissão
Extraordinária Pró-Ferrovias Mineiras da Assembleia Legislativa de Minas
Gerais.

A VLI, a
empresa controladora da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), que é atual
concessionária da linha férrea, esclarece que o trecho faz parte do contrato de
concessão e arrendamento firmado em 1996 e que, por questões de mercado,
atualmente não há circulação de cargas na linha entre Lavras (MG) e Varginha
(MG).

“Projetos
com outras finalidades são submetidos pelo interessado à análise e aprovação da
ANTT, órgão responsável por emitir tais autorizações especiais. Nesse sentido,
o trecho citado dispõe de um projeto de trem turístico e a VLI vem oferecendo
suporte técnico à entidade responsável pela proposta. A empresa aguarda a
conclusão dos trâmites que estão em curso com a entidade e a ANTT”, explica a
assessoria de comunicação através de nota.

 

– Fonte: https://g1.globo.com/mg/sul-de-minas/noticia/2018/07/19/revitalizacao-de-linha-ferrea-cria-expectativa-por-aumento-de-trens-turisticos-no-sul-de-minas.ghtml


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