Afinal, metrô ou VLT são opções viáveis para Sobradinho e Planaltina?

Resolver o
problema da mobilidade urbana está entre as prioridades dos candidatos a
governador. O tema faz parte do plano de governo de todos os postulantes ao
GDF, mas, assim como discutido no debate promovido pelo Correio Braziliense, na
terça-feira, o método para resolver os problemas é um ponto divergente. Os
concorrentes ao Palácio do Buriti recuperaram projetos de governos antigos,
questionaram a implementação de propostas dos adversários e apresentaram
promessas como expansão das linhas do metrô, ampliação de eixos do BRT e
criação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).

Na primeira
pergunta do embate realizado nos estúdios da TV Brasília, Fátima Sousa (PSol)
questionou se Eliana Pedrosa (Pros) havia realizado estudos para propor a
implantação do VLT na região norte do DF, onde ficam Sobradinho e Planaltina. A
ex-distrital afirmou que o projeto tem base em pesquisas de governos anteriores
e que seria “perfeitamente possível”. Fátima rebateu dizendo que esse tipo de
transporte “não subiria a serra de Sobradinho. “Sugiro à senhora estudar mais”,
atacou a representante do PSol.

Especialistas
ouvidos pelo Correio avaliam que é praticamente impossível implantar o VLT,
metrô ou outros veículos sobre trilho no transporte de passageiros entre Plano
Piloto, Sobradinho e Planaltina. “A topografia é desfavorável, ficaria
praticamente impossível. O trem gastaria muita energia para realizar a subida
do Colorado e a descida do Torto. O consumo de energia seria absurdo”, explicou
Edson Benício, doutor em transportes e professor do Centro Universitário de
Brasília (UniCeub).

Eliana
Pedrosa afirmou ontem ao Correio que se confundiu com a pergunta de Fátima de
Sousa. Ela entendeu que a candidata do PSol a havia questionado sobre o VLP
(Veículo Leve sobre Pneus, o mesmo que o BRT). Mas a concorrente do Pros não
descartou utilizar um trem para resolver a mobilidade urbana da região. “Seria
uma continuidade da Rodoferroviária até Planaltina. É um transporte de massa,
no qual um comboio só pode levar até 1,2 mil passageiros. Não há sinal, nem
pardal”, explicou. Trata-se de um projeto antigo, elaborado pelo ex-governador
do DF Joaquim Roriz e que, segundo Pedrosa, será revisado caso ela seja eleita.

 

Investimento
em BRT

A solução
mais eficaz para a região norte do DF, segundo Edson Benício, é o BRT. “Seria
uma viagem rápida, segura, confortável e que atenderia a expectativa dos
usuários em relação à mobilidade urbana”, explica. O governo de Rodrigo
Rollemberg (PSB) concluiu um projeto para construir e operar o BRT Norte,
apresentado ao Ministério das Cidades e à espera de aprovação e liberação de
recursos. O plano é que o transporte saia de Planaltina, passe por Sobradinho e
chegue ao Terminal da Asa Norte.

A inauguração
do primeiro eixo do BRT, ligando Gama e Santa Maria ao Plano Piloto, ocorreu em
junho de 2014, no governo Agnelo Queiroz (PT). A via de 43,38km de extensão
custou R$ 562 milhões. Além do eixo Norte, Rollemberg pretende levá-lo para a
parte oeste em um possível segundo mandato. O projeto do socialista é usar o
formato para resolver os problemas de mobilidade do Sol Nascente, em Ceilândia.

Segundo o
governador, o veículo passaria pela Avenida Hélio Prates, pelo Pistão Norte e
chegaria ao Plano Piloto pela Estrada Parque Indústrias Gráficas (Epig).
“Existem recursos para o eixo Oeste. Isso permitirá, em seguida, a
implementação do BRT Oeste” informou Rollemberg. As obras custariam R$ 684
milhões,  dos quais cerca de 93% devem
ser financiadas pela Caixa Econômica Federal.

A iniciativa
divide opiniões. Devido aos problemas de infraestrutura no Sol Nascente, até a
circulação de ônibus no local é complicada. A região, que abriga mais de 100
mil pessoas, é atendida por  13 linhas de
ônibus, segundo o Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans). São 721
viagens por dia. “A população está bem próxima do metrô. Então, acredito que o
indicado seria aumentar a linha de ônibus internos, que levariam a população
até as estações”, acredita Edson Benício.

O coordenador
do Centro Interdisciplinar de Estudos em Transportes (Ceftru) da Universidade
de Brasília (UnB), Pastor Willy, vê o projeto com otimismo. “Se implementado
nesse trecho, que também passa por Taguatinga, acredito que seja um modelo
funcional para a rede de transporte público da região”, aponta.

 

Expansão do
metrô

A ampliação
do metrô para a Asa Norte também aparece na pauta dos candidatos ao GDF.
Rollemberg e Alberto Fraga (DEM) pretendem levar o sistema pelo menos até o
Hospital Regional da Asa Norte (Hran). O doutor em transporte Edson Benício
concorda com a proposta e analisa que é mais eficaz do que levar o transporte
até a última quadra da Asa Norte. “O que paga o sistema é girar a catraca, e a
Asa Norte não tem uma população tão grande. Todo o trajeto do metrô será
enterrado, o que faria a obra ter um custo altíssimo”, explica.

Para o
especialista, a melhor opção para a Asa Norte seria o VLT, que, diferentemente
do sistema metroviário, pode trafegar nas pistas, ao lado dos veículos comuns,
diminuindo o custo da implementação. O projeto faz parte do plano de governo de
Rollemberg, que prevê investimento em obra do VLT W3 Sul/Norte, ligando a
Estação Asa Sul do metrô ao Terminal Asa Norte.

O professor
Pastor Willy acredita que, caso a obra do metrô na Asa Norte saia do papel, é
mais indicado levá-lo até o Câmpus Darcy Ribeiro da UnB, na L2 Norte. “Criaria
um eixo de desenvolvimento na região, além de atender uma demanda fixa, que
está em funcionamento durante grande parte do ano: os estudantes”, pontua.

O plano de
Fátima de Sousa é que a expansão ocorra principalmente em Ceilândia. Em
compromisso de campanha na região, a candidata do PSol ao Buriti prometeu levar
o metrô ao Setor O. Além disso, ela quer integrar o sistema ao BRT Sul.
Especialistas consideraram a iniciativa viável. “Trata-se de uma das áreas com
maior crescimento populacional do DF. Se necessário, desapropriações de terras
terão de ser feitas e colocadas dentro do projeto orçamentário, mas é algo que
precisa sair do papel”, acredita o professor do UniCeub Edson Benício.

Um projeto
de construção do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) em Brasília chegou a ser
licitado em 2009, como uma das obras de mobilidade para a Copa do Mundo de 2014.
Os trilhos levariam os usuários do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek
até um terminal na Asa Norte. Cerca de R$ 1,5 bilhão seriam investidos. As
obras chegaram a ser iniciadas, mas foram paralisadas em 2010, quando o projeto
foi suspenso. Restou um esqueleto das obras no Galpão de Manutenção do VLT,
entre o Setor Policial Sul e o Zoológico.

 

Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2018/08/30/interna_cidadesdf,702791/solucoes-para-do-transporte-do-df-sao-abordadas-pelos-candidatos-em-de.shtml


Fonte:

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*