Registros
históricos informam que a ideia de se construir uma linha ferroviária em Santa
Catarina surgiu em meados de 1870, mas foi concretizada somente décadas depois,
por meio de investimentos privados. Em 1906 iniciou-se a construção da Estrada
de Ferro de Santa Catarina (EFSC), em Blumenau, inaugurada em 1909.
De acordo
com a arquiteta e urbanista Angelita Wittmann, autora do livro “A Ferrovia no
Vale do Itajaí” e pesquisadora da história do Vale, a implantação da ferrovia
na região teve inspiração em revoluções ocorridas na Europa nos séculos 18 e
19.
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A estrada
foi iniciada com capital alemão. Imigrantes que vinham ao Brasil nesta época o faziam,
em grande parte, por meio das chamadas companhias colonizadoras, empresas
comprometidas em auxiliar na adaptação de imigrantes em determinada região.
Essas
companhias também deveriam prover essas regiões com os serviços públicos
necessários, por meio de contratos firmados com o governo brasileiro. Foi uma
delas que iniciou o projeto da estrada de ferro: a Companhia Colonizadora
Hanseática.
Ela
colonizava terras na região de Ibirama e, segundo o historiador e memorialista
da EFSC, Luiz Carlos Henkels, precisava vender uma boa imagem na Alemanha, aos
que queriam emigrar.
Segundo
Henkels, os trens chegaram, no início do século 20, para acelerar,
literalmente, as atividades no Vale.
Ele explica
que naqueles tempos andava-se ao ritmo da carroça, na média de 8 km/h. O trem
veio proporcionar velocidade de 30 a 35 km/h. Gastava-se tempo demais para
viajar a qualquer lugar.
O sonho da
estrada de ferro duraria mais algumas décadas, com expansão contínua. No
entanto, terminaria no início da década de 1970.
Conforme
Henkels, em entrevista concedida à autora do livro sobre a EFSC, o governo
federal, a partir de 1950, não se interessou mais pelo desenvolvimento
ferroviário.
As ferrovias
existentes caíram em descrédito perante a população, e o transporte rodoviário,
ancorado no franco desenvolvimento da indústria automotiva, passou a ser visto
como alternativa mais eficiente ao progresso.
Aos poucos,
as linhas férreas foram desativadas. A última viagem de trem na EFSC ocorreu em
12 de março de 1971. Às 17 horas, na estação de Indaial, o maquinista da
locomotiva a vapor fabricada em 1925, equipada com quatro vagões, partiu pela
última vez.
O patrimônio
da EFSC tomou rumos diferentes. Parte foi dilapidado e se perdeu. Algumas das
estações foram ocupadas por espaços comerciais e outras, como a de Rio do Sul,
foram conservadas e transformadas em museus.
Fonte: https://omunicipio.com.br/parte-5-ferrovia-no-vale-itajai-um-sonho-abandonado/
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