SÃO
PAULO –
A Operação Integração II, da Polícia Federal, é o evento mais forte da
Lava-Jato a alvejar de uma vez os três maiores grupos de concessões de rodovias
do país de capital aberto: CCR, Ecorodovias e Triunfo Participações e
Investimentos (TPI). Até então, apesar de serem controladas por empreiteiras
que foram envolvidas na Lava-Jato ou nos seus desdobramentos, as concessionárias
não tinham sido atingidas.
O
ex-presidente da CCR, Renato Vale, que tocou a CCR desde o início, sofreu busca
e apreensão em casa. Luiz Fernando Carvalho, um dos maiores acionistas pessoa
física da TPI, com aproximadamente 13% do capital da empresa, e até então
presidente do conselho de administração, foi preso.
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A avaliação
de especialistas é que o impacto nos papéis de cada uma será duradouro e que o
melhor caminho para circunscrever os danos no Paraná é firmar acordo de
leniência com o Ministério Público Federal (MPF). As empresas sofrem agora para
continuar ativas depois. “Aí a empresa ‘ajoelha no milho’, o mercado precifica
e segue a vida”, disse um observador atento.
A
alternativa a isso, como um processo de inidoneidade, por exemplo, com cassação
da concessão, é considerado o pior cenário na visão dessa fonte. Poderia ferir
de morte as controladas que foram alvos da ação.
Um temor que
atiça o mercado é se a operação da PF for capilarizada para concessões desses
grupos em outros estados — o que é tido como certo se um mesmo operador
financeiro tiver atuado em diferentes negócios do mesmo conglomerado.
O maior
desafio que essas empresas teriam é a predisposição dos ministérios públicos
estaduais em firmar acordos de leniência. Sobretudo se o foco da operação for,
como parecer ser, encarcerar o ex-governador Beto Richa (PSDB-PR). No caso da
Lava-Jato com as grandes empreiteiras, o MPF coordenou ou acordos com os órgãos
locais, o que facilitou o processo.
Outra
diferença em relação a demais operações foi a ordem das coisas. Geralmente,
grandes executivos das companhias eram detidos e delatavam. Dessa vez, foi ao
contrário. A prisão de Carvalho, da TPI, por exemplo, derivou de uma delação de
um funcionário da empresa.
Em cada
caso, o dano é diferente. A CCR é considerada referência de empresa de
concessões de infraestrutura brasileira e tinha, até então, a imagem ilibada.
Isso, por ora, acabou. A Ecorodovias é vista por parte do mercado como uma
empresa que fez apostas malsucedidas para aumentar o portfólio e de governança
meio opaca. Isso piora. Já a TPI vem de uma situação já deteriorada. Em
recuperação extrajudicial, a governança da empresa por vezes se afasta do que
se espera de uma empresa de capital aberto, dada a postura por vezes
personalista de Carvalho.
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