O Senado dos
EUA aprovou um projeto de lei que cria uma agência com US$ 60 bilhões para
investir em países em desenvolvimento como uma forma de se contrapor à
crescente influência global da China.
Numa rara
demonstração de espírito bipartidário, o Senado aprovou ontem, por 93 votos a
6, a Lei de Melhor Uso de Investimentos para o Desenvolvimento (Build, na sigla
em inglês).
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A proposta,
que foi incluída em um projeto de lei que mantém em vigor a Administração
Federal de Aviação, pode chegar à mesa do presidente Donald Trump amanhã,
segundo fontes bem informadas sobre seu progresso. A Casa Branca já indicou que
Trump vai sancioná-lo.
A Lei Build
foi apresentada como sendo vital para se contrapor ao que tem sido descrito
como a diplomacia da armadilha da dívida da China – enganar países
em desenvolvimento ao enchê-los de empréstimos impagáveis.
Até um ano
atrás, a Corporação Americana de Investimento Privado no Exterior (Opic, na
sigla em inglês), que faz empréstimos a empresas nos países em desenvolvimento,
estava sob risco de ser desmantelada. Embora ela faça investimentos e tenha
lucro, o governo Trump a via como uma entidade que concede ajuda e o que muitos
republicanos descreviam como assistência corporativa.
Aubrey
Hbruy, cofundadora da Africa Expert Network, disse que Ray Washburne,
presidente e executivo-chefe da Opic, mudou essa visão ao convencer os
congressistas de que a organização era uma ferramenta essencial para a
diplomacia comercial americana.
Este
governo é muito dirigido pela visão de que os EUA precisam ser mais
competitivos vis-à-vis a China, disse ela. Isto é algo sobre o qual
aqueles de nós em Washington que se preocupam com mercados emergentes, empresas
e competitividade americana estamos trabalhando há anos.
Para
Washburne, isso é uma sacudida poderosa. Em Cartagena (Colômbia),
de onde acompanhou a votação do Senado por seu celular, ele disse que uma Opic
reforçada oferecia uma alternativa financeiramente segura às iniciativas
do governo chinês que deixaram muitos países em desenvolvimento profundamente
endividados. Isso aumentaria o soft power dos EUA e ajudaria
a levar empregos e estabilidade para países que, de outra forma, poderiam se
tornar um perigo para a segurança nacional americana.
Pequim tem
rejeitado veemente as acusações de que usa dívidas para ganhar dependentes
políticos, argumentando que tem concedido empréstimos a países em
desenvolvimento dentro do espírito de cooperação e de promoção do comércio. A
China já financiou dezenas de bilhões de dólares em infraestrutura na Ásia,
África e América Latina.
Senadores
republicanos já acusaram Pequim de assumir o controle do porto de Hambantota,
no Sri Lanka, quando o governo local não conseguiu quitar suas dívidas.
A Opic agora
será incorporada a uma nova agência, chamada de Corporação de Financiamento ao
Desenvolvimento Internacional, que assumirá algumas das funções da USAID
(Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional). Pela primeira vez, ela
poderá adquirir participações, o que, segundo seus defensores, lhe permitirá
investir de forma mais efetiva e se igualar a agências equivalentes europeias.
Isso
não só assegura nossa existência – que não era certa um ano atrás – como nos dá
condições de igualdade e dobra nosso tamanho, disse Washburne.
projeto de lei obteve apoio de ambos os
partidos. A Lei Build começará a nos afastar da concessão direta de
assistência com resultados incertos para, em vez disso, ajudar países a se
tornarem mais autossuficientes, ao mesmo tempo em que economizaremos milhões de
dólares dos contribuintes, disse o republicano Bob Corker, presidente da
Comissão de Relações Exteriores do Senado.
Chris Coons,
principal democrata na comissão, disse que estava entusiasmado com
o fato de que o projeto está a caminho da sanção de Trump. Este investimento
nos permitirá reduzir a pobreza em áreas que são críticas para nossa segurança
nacional, competir com a influência chinesa nos países em desenvolvimento e
ajudar as empresas americanas a crescer e prosperar.
Fonte: https://www.valor.com.br/internacional/5903371/eua-aprovam-us-60-bi-para-infraestrutura-no-exterior
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