Esta semana deve ser decisiva
para uma das intervenções na área de mobilidade urbana sobre trilhos mais
aguardadas na Capital Paulista, a linha 6-Laranja, que deve ligar a Vila
Brasilândia, na zona noroeste à estação São Joaquim, na Liberdade, região
central de São Paulo.
Segundo o secretário de transportes
metropolitanos do Estado de São Paulo, Clodoaldo Pelissioni, o Conselho Gestor
do Programa Estadual de Parcerias Público-Privadas (CGPPP) deve se reunir e dar
o aval à caducidade do contrato com o Consórcio Move São Paulo, que em 2 de
setembro de 2016, paralisou as obras.
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“O conselho-gestor de PPPs vai se
reunir [até o final desta semana] para aprovar a caducidade [do contrato]. Nós
não temos nenhum problema legal em frente, então, com certeza nós poderemos
fazer a rescisão e retomar a licitação. Nós temos de fazer uma nova licitação”
– disse Pelissioni após a inauguração da estação São Paulo-Morumbi, da linha
4-Amarela do Metrô, no último sábado, 27 de outubro de 2018.
O Consórcio Move São Paulo, formado
pelas empresas Odebrecht, Queiroz Galvão e UTC, assumiu o contrato de
construção em 2015, mas entregou até a paralisação dos serviços, em 02 de
setembro de 2016, apenas 15% das obras.
A ligação entre a região de
Brasilândia, na zona noroeste, e a estação São Joaquim, na região central de
São Paulo, deve atender a mais de 630 mil pessoas por dia. Quando assinado em
dezembro de 2013, a linha 6-Laranja foi comemorada por ser a primeira PPP –
Parceria Público Privada plena do país. O consórcio Move faria a obra e seria
também o responsável pela operação da linha por 25 anos. O custo total do empreendimento
era de R$ 9,6 bilhões, sendo que deste valor R$ 8,9 bilhões seriam divididos
entre governo e consórcio.
Até o momento, foram gastos R$ 1,7
bilhão no empreendimento e o BNDES disponibilizou R$ 1,75 bilhão para retomar a
obra.
A linha deve ter 15 km com as seguintes
estações: Brasilândia, Vila Cardoso, Itaberaba-Hospital Vila Penteado, João
Paulo I, Freguesia do Ó, Santa Marina, Água Branca, Pompéia, Perdizes, Cardoso
de Almeida, Angélica, Pacaembu, Higienópolis-Mackenzie, 14 Bis, Bela Vista, São
Joaquim.
Considerada a linha das universidades,
por atender regiões onde estão vários estabelecimentos de ensino, a linha
6-Laranja deve ter integração com a linha 1-Azul e 4-Amarela do Metrô e 7-Rubi
e 8-Diamante, da CPTM.
A previsão para inauguração da linha 6
neste contrato com o Consórcio era 2020. A data agora é uma incerteza.
Entretanto, antes mesmo do problema com
o Consórcio Move São Paulo, a linha 6-Laranja era uma promessa, até então sem
esperanças concretas, como hoje.
Em 2011, alguns moradores de
Higienópolis, bairro nobre da região central da capital paulista, se
posicionaram contra a construção da Estação Angélica, temendo “degradação” e o
acesso de “pessoas diferenciadas” do padrão do local, o que gerou muita
polêmica.
No ano de 2012, o então governador
Geraldo Alckmin anunciou o projeto de PPP – Parceira Público Privada para a
linha, que na estimativa da época, custaria em torno de R$ 8 bilhões.
Até então, a previsão era de a
licitação ser lançada em janeiro de 2013 e as obras começarem no mesmo ano.
O contrato foi assinado em dezembro de
2013.
Somente em abril de 2015, o Consórcio
Move São Paulo iniciou as obras, com a previsão de término em 2020.
Já enfrentando problemas financeiros e
de imagem, por causa do envolvimento das construtoras Odebrecht, Queiroz Galvão
e UTC nos crimes investigados pela Operação Lava-Jato, em junho de 2016, o
Consórcio Move São Paulo aumentou em mais um ano a previsão de entrega da
linha, para 2021. Mas em 02 de setembro de 2016, as obras foram paralisadas.
Desde então, houve tentativas de
“vender” a concessão, mas todas sem sucesso.
Em 04 de outubro de 2017, o grupo
chinês formado pelas empresas China Railway Capital Co. Ltd. e China Railway
First Group Ltd. anunciou que iria se associar a um grupo de investidores
japoneses liderados pela Mitsui para assumir integralmente o contrato de
concessão da linha 6, mas a negociação com o Consórcio Move São Paulo não foi
para a frente.
Em 18 de janeiro de 2018, o Grupo Ruas
Invest, ligado a empresas de ônibus da capital paulista e que tem participações
nas linhas 4-Amarela e 5-Lilás do Metrô, anunciou que tinha a intenção de se
associar a empresas asiáticas e comprar 15% da concessão da linha 6 Laranja do
Metrô.
Mas com a frustação do negócio, em 02
de fevereiro de 2018, o governo do Estado de São Paulo notificou o Consórcio
Move São Paulo sobre até então a que seria somente a possibilidade de
caducidade do contrato.
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