O
descaso do governo com a ampliação do metrô de Belo Horizonte se arrasta há
anos. Atualmente, o transporte tem apenas 19 estações e percorre um trecho de
28,2 quilômetros, entre as estações Vilarinho, na Região de Venda Nova, e
Eldorado, em Contagem, na Grande BH.
Duzentos
mil passageiros são beneficiados por dia, de acordo com a Companhia Brasileira
de Trens Urbanos (CBTU), mas segundo a Secretaria de Estado de Transportes e
Obras Públicas (Setop), se as quatro linhas estivessem em funcionamento esse
número pularia para 1,9 milhão de pessoas, até 2045, e as composições
percorreriam 67,7 quilômetros – mais do dobro do que elas viajam hoje.
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Se a
Linha 2 estivesse implantada, faria o trecho entre a Região do Barreiro e o
bairro Nova Suíça, com 10,5 quilômetros de extensão em superfície, e teria
estações nos bairros Nova Gameleira, Nova Cintra e Vista Alegre, na Região Oeste,
e nos bairros das Indústrias e Barreiro de Baixo, em Belo Horizonte, e no
Jardim Industrial, em Contagem.
É o que
esperam os moradores e trabalhadores como Robson Alves, de 57 anos, que tem uma
oficina mecânica na Rua Jornalista João Bosco. Ele contou que ouviu há anos a
promessa de que o metrô passaria em frente ao imóvel dele. “No dia que eu vim
para cá, eles fizeram esse muro aí na frente [da oficina] e falaram que era
andamento para fazer o metrô e parou por aí a obra e até agora nada. Quinze
anos já”, lamentou.
O
mecânico Guilherme Augusto Virgílio, de 26 anos, trabalha há um ano em uma
oficina na Rua Martins Soares, no bairro Vista Alegre, e convive com amontoados
de lixo às margens da linha férrea – que tem de carcaça de televisão a animais
mortos. “A prefeitura vem e recolhe, mas não tem jeito. O pessoal vem e joga de
novo. Tem até carroceiro que despeja entulho aqui”.
Guilherme
contou que já ouviu falar da implantação do metrô, que não sai do papel, e que
o imóvel onde ele trabalha seria até desapropriado. Ele é uma das pessoas que
acham que o metrô traria benefícios à população da Região Oeste.
Mas não
há apenas amontoados de lixo às margens dos trilhos. Uma passarela que não tem
entrada e nem saída é um exemplo do abandono. Pilares inacabados também compõem
o cenário de descaso que fica no encontro da Rua Engenheiro Felipe Caldas com a
Avenida Amazonas, uma das mais movimentadas da capital mineira, no bairro
Gameleira. A obra abandonada está ao lado dos trilhos subutilizados por trens
de carga.
Linha 3
A Linha
3 do metrô compreenderia o trecho entre os bairros Lagoinha, na Região
Noroeste, e Savassi, na Região Centro-Sul, com 4,9 quilômetros de extensão. De
acordo com a Setop, o projeto prevê estações subterrâneas no Lagoinha, Praça
Sete, Palácio das Artes, Praça da Liberdade e Savassi, na Praça Diogo de
Vasconcelos, mais conhecida como Praça da Savassi.
A
personal trainer Nayara Carmo, de 25 anos, trabalha em Vespasiano, na Região
Metropolitana de Belo Horizonte, e disse que se o metrô fosse até a Savassi
seria um grande benefício porque economizaria tempo e dinheiro. “Se eu tivesse
acesso ao metrô seria muito mais fácil para chegar aqui [na Savassi]”.
O
cantor Vini Baruk, de 24 anos, também aprova o planejamento que levaria o metrô
à região central. “Ter esse acesso diretamente [ao metrô] sem enfrentar o
trânsito e as voltas que a gente tem que dar para chegar aqui [Praça da
Liberdade] ia ajudar bastante nesse processo”.
A
cineasta Izabela Silva, de 23 anos, falou que a Linha 3 do metrô ajudaria na
mobilidade urbana. E ela foi mais além. “Seria muito bom se tivesse uma linha
que fizesse da Savassi à Pampulha”, completou.
Já a
professora de inglês Maria Luísa Lembrança, de 25 anos, disse que trabalha no
Centro e que o metrô subterrâneo com uma estação na Praça Sete daria mais
rapidez à mobilidade. “Nossa, poderia ter sim. Ajudaria muito na locomoção”.
Linha 4
O
projeto da Linha 4 prevê transporte no trecho entre o bairro Novo Eldorado, em
Contagem, até Betim, na modalidade Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), com
previsão de 22,6 quilômetros de extensão em superfície, com estações não bairro
Parque São João e na Avenida João César de Oliveira.
Já os
terminais do VLT seriam nos bairros Bernardo Monteiro, Capelinha, Amazonas,
Imbiruçu, Laranjeiras, Paulo Camilo, Nova Baden, Riacho das Areias, Alterosas,
Dom Bosco, Amoras, Marajoara, Chácara, Centro e Terminal Betim, além da Via
Expressa.
Investimento
De
acordo com a Metrominas, a Linha 1 com a inclusão de mais 1,5 quilômetro do
bairro Eldorado ao Novo Eldorado aumentaria mais duas estações e teria um
investimento de R$ 4,3 milhões.
A Linha
2 custaria R$ 12,01 milhões; a Linha 3, R$ 12,6 milhões; e a Linha 4, R$ 12,18
milhões.
O que
diz o poder público
A CBTU
informou que o projeto é fruto da parceria direta entre o Ministério das
Cidades e o governo de Minas Gerais e que o órgão atuou como colaborador,
prestando informações, mas que não participou da condução de tratativas e
cronogramas de execução.
A
Metrominas disse que coube à autarquia fazer a execução dos projetos e que as
informações sobre as obras deveriam ser dirigidas aos órgãos competentes do
governo federal – responsável pela operação e administração de transportes.
Por sua
vez, o Ministério das Cidades falou que a ampliação e modernização do metrô da
Região Metropolitana de Belo Horizonte foi proposta pelo governo de Minas e
selecionada pelo governo federal no âmbito do Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC) Mobilidade Grandes Cidades para investimentos nas Linhas 1,
2, 3 e 4.
Ainda
conforme o Ministério das Cidades, em abril de 2016, o governo estadual iniciou
a elaboração dos projetos de engenharia, que estão em fase de conclusão pelo
governo do estado. Para a elaboração deles o Ministério das Cidades repassou R$
45 milhões.
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