Metrô na região é promessa há pelo menos 43 anos

A
chegada do Metrô ao Grande ABC é promessa antiga. A ideia de estender o sistema
metroviário às sete cidades é anunciada pelos governantes paulistas há pelo
menos 43 anos. Em setembro de 1975, o então governador Paulo Egydio Martins
(que pertencia ao hoje extinto Arena, partido ligado à ditadura militar)
inaugurava trechos do primeiro ramal do Metrô paulista, a Linha 1-Azul (então
batizada de Linha Norte-Sul), que liga a Zona Sul (Jabaquara) à Zona Norte da
Capital (Santana/Tucuruvi). Na ocasião, assegurava a chegada dos trilhos à
região nos três anos seguintes, através da então arquitetada linha
Sudeste-Sudoeste. O trajeto previa que os trens passassem pela estrada de ferro
Santos-Jundiaí, que traçava a região, até chegar em Pinheiros, na Zona Oeste da
Capital.

O
Diário trouxe em suas páginas, na edição do dia 27 de setembro de 1975, a
promessa do então governador. Um dos planos era de trazer o Metrô ao Grande ABC
por meio da Estação Jabaquara. Outro envolvia o aproveitamento do leito
ferroviário entre Santos e Jundiaí para inserir Santo André no planejamento.

De lá
para cá, passaram-se mais de quatro décadas, o País foi redemocratizado, e o
morador do Grande ABC vai presenciar a entrada da 11ª gestão no Palácio dos
Bandeirantes depois daquela época sem ver essa promessa sair do papel. Há
possibilidade, inclusive, de a ideia passar em branco no próximo ano novamente.

Como
mostrou o Diário no domingo, a gestão do governador Márcio França (PSB) decidiu
reservar no Orçamento para 2019 rasos R$ 40 para a construção da Linha
18-Bronze, modal de 13 estações e 15 quilômetros de extensão e que projeta sair
do Tamanduateí, na Capital, até a planejada parada Djalma Dutra, em São
Bernardo, passando por Santo André e São Caetano. A arrecadação do Estado para
o ano que vem é estimada em R$ 229,9 bilhões.

Deputados
da região ouvidos pelo Diário prometeram pressionar o governo do Estado a
modificar esse provisionamento. Luiz Turco (PT), de Santo André, afirmou que o
prazo para apresentação de emendas à LOA (Lei Orçamentária Anual) já se
encerrou, mas que é possível “fazer barulho” para pressionar os colegas a
ampliar o tímido orçamento. “Se a gente for recuperar a história dos governos,
há pelo menos 20 anos eles prometem um Metrô para o Grande ABC. Toda véspera de
eleição, (candidatos a) deputados espalham outdoor (prometendo Metrô para a
região). O morador daqui está sendo enganado há mais de duas décadas”, criticou
o petista, que não renovou seu mandato.

Com reduto
em São Bernardo, o também oposicionista Teonílio Barba (PT) foi o único entre
os parlamentares com base nas sete cidades que apresentou emenda à LOA para
destinar mais verbas para Linha 18. O valor, porém, ainda seria tímido. Pela
proposta do parlamentar, a ideia seria remanejar R$ 10 mil em recursos orçados
para gastos com publicidade (fixado em R$ 103 mil) para tirar o modal do papel.
“Infelizmente o Grande ABC, institucionalmente, está desorganizado. O Consórcio
Intermunicipal, que é um instrumento que deveria entrar nessa briga, está
desarticulado”, criticou Barba, em referência à saída de Diadema do colegiado e
aos ensaios de São Caetano e Rio Grande da Serra de seguirem o mesmo caminho.
Barba também prometeu “negociar com o relator” da peça orçamentária para
modificar a quantia reservada para o Metrô da região.

Luiz
Fernando Teixeira (PT), também de São Bernardo, destacou que o valor escolhido
pelo governo França “deixa claro” que a construção da Linha 18 “não é e
continua não sendo prioridade do governo do Estado”. “O relator (da LOA) não
vai deixar passar (emendas à peça orçamentária). (Só poderá tirar o projeto do
papel) Salvo se houver união da bancada para fazer uma articulação para (a
discussão do Orçamento de) 2020”, projetou. Ana do Carmo não foi localizada
para comentar o assunto.

O
governo Márcio França, por meio da Secretaria de Transportes Metropolitanos do
Estado, evitou explicar os motivos de escolher a quantia de R$ 40 para citar na
peça orçamentária e se limitou a informar que a construção da Linha 18 depende
de financiamento externo e que está buscando ampliar as formas de contrair esse
empréstimo.

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