Governo de MS quer novo porto seco de Corumbá operando ramal ferroviário

Campo Grande (MS) – O Governo de Mato Grosso do Sul defendeu
a implantação de um novo porto seco em Corumbá com estrutura rodoferroviária
para se integrar à Ferrovia Malha-Oeste, cuja recuperação foi garantida pelo
presidente eleito Jair Bolsonaro com investimentos de R$ 5 bilhões. O
desenvolvimento logístico é estratégico para o Estado e o ramal ferroviário na
área alfandegária é fundamental para atender o crescente comércio com a
Bolívia.

O secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento
Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, participou
da audiência pública promovida pela Receita Federal sobre o novo porto seco, em
Corumbá, nesta terça-feira (27.11), e sugeriu a construção do terminal
ferroviário, que não estava contemplado no edital da nova estrutura. A proposta
deve alterar o projeto original, cuja licitação está prevista para abril de
2019.

“O que destacamos na audiência foi que o porto seco deve ter
a dimensão de prever o que nós, como Governo do Estado, temos como meta para o
desenvolvimento futuro de Corumbá e região “, disse. Ele citou o empenho do
governador Reinaldo Azambuja para efetivar a reconstrução da Malha-Oeste e
concretizar a implantação do corredor biocecânico – que ligará o Porto de
Santos (SP) ao porto de Ilo, no Peru, passando por Mato Grosso do Sul.

 

Foco na intermodalidade

 

Para o secretário, as alterações sugeridas no edital
garantem uma nova estrutura alfandegária que não venha a atender as
necessidades de Corumbá para agora, mas para os próximos 25 anos, com a
inversão do fluxo de mercadorias na fronteira a partir da exportação de ureia e
outros produtos pela Bolívia. “Éramos eminentemente exportadores, contudo
passamos a importar 300 mil toneladas de ureia e já sinaliza-se contratos de
cloreto de potássio”, pontuou.

Outro fator preponderante nessa discussão – adiantou Verruck
-, que deve ser considerada, é a posição tomada pela Bolívia de eleger a
Hidrovia do Paraguai como o caminho para chegar seus produtos ao mercado
internacional. “O acesso à hidrovia é por Corumbá e vivenciamos um momento
importante e estratégico para o porto seco, tornando o município no principal
entreposto comercial dessa integração intermodal intercontinental” falou.

A intermodalidade é um ponto fundamental quando se trata de
logística, argumentou o secretário. “O porto seco vai permitir esse fluxo de
exportação e importação, mas temos que focar a questão da intermodalidade para
o desenvolvimento”, frisou, salientando as tratativas do Estado com a Receita
Federal para implantar os portos secos de Três Lagoas e Campo Grande, onde
outra alternativa é ampliar a área alfandegária do aeroporto internacional.

 

Obra inicia em 2019

 

O presidente da Associação Comercial de Corumbá, Lourival
Vieira Costa, também destacou a importância de um novo porto seco na região
fronteiriça para eliminar os gargalos do transporte. “O fluxo de cargas se
inverteu e a atual estrutura não suporta a demanda, se perde muito tempo e
dinheiro na passagem dessa mercadoria”, afirmou. O novo porto seco, segundo
ele, vai facilitar para todos, da indústria ao importador, evitando-se
prejuízos.

O atual armazém alfandegário de Corumbá, a Agesa, apresenta
deficiências estruturais depois de 26 anos em operação e sua concessão,
autorizada pela Receita Federal, foi encerrada. O novo porto seco, conforme
estudos de viabilidade apresentada pela Receita, poderá ser construído também
no município vizinho, Ladário. O edital da obra será lançado no dia 29 de
janeiro de 2019, com licitação prevista para abril e execução a partir de
julho.

O porto seco de Corumbá abrange a captação de cargas de todo
o País, principalmente das regiões Sul e Sudeste. Dados de 2015, apontam que
mais de 90% da movimentação (856 mil toneladas) era para exportação, cabendo às
importações a fração de 51 mil toneladas. Nesse ano, segundo a Agesa, as
importações da Bolívia, sustentadas principalmente pela ureia, devem fechar em
200 mil toneladas, com previsão de dobrar o volume a curto prazo.

 

A audiência pública

 

A audiência pública foi realizada na Associação Comercial de
Corumbá, durante a manhã desta terça-feira (27.11), coordenada pela Comissão de
Licitação da Receita Federal, em Brasília. Presentes também a coordenadora de
Competitividade Empresarial da Semagro, Fernanda Lopes; o secretário de Governo
de Corumbá, Cássio Costa Marques; e representantes do Sindicato das Empresas de
Transporte de Cargas e Logística de MS (Setlog) e operadores.


Fonte: A Crítica

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