Minas Gerais tem pelo menos três projetos para implantação
de circuitos turísticos de trens de passageiros no Estado, mas a viabilidade de
criação dessas linhas está em discussão com as concessionárias dos trechos e
com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Nesta quinta-feira (22) uma audiência na Comissão
Extraordinária Pró-Ferrovias Mineiras, da Assembleia Legislativa de Minas
Gerais (ALMG), discutiu o assunto, que tem como o principal entrave a divisão
das linhas com o transporte de cargas.
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Um dos projetos e o da Organização da Sociedade Civil de
Interesse Público (Oscip) Apito em parceria com a ONG Cidades, para criar uma
linha ligando o bairro Belvedere, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, ao
complexo de Inhotim, em Brumadinho, na Grande BH.
Segundo o presidente da Apito, Sérgio Motta de Melo, há
investidores dispostos a bancar o projeto. “Uma linha de 51 quilômetros de
extensão, que utilizaria vagões abandonados do antigo trem de passageiros Vera
Cruz, que ligava Minas ao Rio de Janeiro. O trem começaria a operar
progressivamente até atingir um total de 10 vagões de luxo, com capacidade para
780 passageirs”, explica.
Mas na opinião do diretor de relações institucionais da MRS
Logística, Luiz Gustavo Bambini, empresa concessionária do trecho, a
implantação é extremamente complexa. “É um trecho de alta densidade de carga,
que escoa grande parte da produção brasileira de minério, cerca de 170 milhões
de toneladas úteis de minério por dia”, pondera.
Outros projetos discutidos foram a implantação do chamado
Trem Rio/Minas, na rota Cataguases, Além Paraíba, Três Rios, na Zona da Mata; e
Expresso do Rei, circuito turístico que sairia de Lavras, passando por Três
Corações até Varginha, no Sul de Minas, com vários trechos controlados pela
empresa VLI Logística.
O diretor de relações institucionais da VLI, Flávio Henrique
Rodrigues Pereira, informou que qualquer inciativa nesse sentido precisa da autorização
da ANTT e que, para o caso de Cataguases, já foram empenhados vários itens,
como locomotivas e vagões, e que outras demandas serão estudadas. “Sobre o trem
que partiria de Lavras, a empresa tem interesse em devolver o trecho para a
União”, disse.
Já o representante da ONG Trem, André Tenuta, vê na
manutenção precária das linhas o maior obstáculo. “No trecho
Cataguases/Três Rios, por exemplo, a ANTT exige que sejam substituídos 90% de
todos os dormentes dos 150 quilômetros da linha e se fosse realmente necessária
essa troca, a linha já não deveria estar sendo usada para transporte de cargas
há muito tempo”, lamentou.
Toda a discussão envolvendo as concessões ferroviárias é
acompanhada de perto pela Justiça e por vários órgãos que levam em consideração
a posição das empresas, mas também a necessidade da população. “Mas ter
hoje 2/3 da malha ferroviária, no Brasil, abandonada, é um crime”,
finalizou João Leite (PSDB), presidente da comissão Pró-Ferrovias Mineiras.
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