Sem
a sustentação dos preços do aço na China, o minério de ferro iniciou a semana
em forte queda, dando sequência às chamadas “vendas de pânico” que
pressionam as cotações desde quinta-feira. De acordo com a “Metal
Bulletin”, a tonelada do minério com pureza média de 62% entregue no porto
de Qingdao recuou USS 5,88, ou 8,4%, nesta segunda-feira, para a cotação de US$
64,25 a tonelada.
Desde
o início da semana passada, a commodity acumula baixa de cerca de US$ 10 por
tonelada, ou 14%. No mês, a baixa ultrapassa 15%. Os preços também levaram um
tombo no mercado futuro. Na bolsa de Dalian, os contratos com entrega em
janeiro recuaram 5,5 yuans por tonelada, a 477,50 yuans. O contrato futuro de
vergalhão caiu 51 yuans por tonelada, para 3.583 yuans (US$ 516 a tonelada).
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A
trajetória de desvalorização pode continuar no curtíssimo prazo, na esteira da
redução da produção de aço na China, motivada pelas margens cada vez mais
estreitas das siderúrgicas locais, e dos cortes sazonais de capacidade no país
asiático decorrentes da aproximação do inverno, na avaliação do banco suíço
Julius Baer.
A
instituição projeta cotação de cerca de US$ 60 a tonelada para a commodity,
considerando-se um horizonte de 12 meses. No longo prazo, o Julius Baer é mais
pessimista, diante da avaliação de que a China está deixando para trás o pico
de consumo de minério.
Ao
mesmo tempo, escreveu em relatório o analista Carsten Menke, os preços do aço,
que cederam nas últimas semanas e levaram ao colapso das margens de muitas
siderúrgicas chinesas, devem se estabilizar, impedindo uma desaceleração mais
forte do que esperado no mercado imobiliário daquele país.
Com
a chegada do inverno, o governo chinês tradicionalmente impõe cortes na
produção de aço, como parte da política ambiental. Neste ano, afirma o
analista, a expectativa é a que o governo mantenha volumes adequados de oferta
de produtos siderúrgicos aos setores de infraestrutura, indústria e construção
imobiliária.
Contudo,
os volumes produzidos de aço bruto e ferro-gusa têm se aproximado cada vez mais
na China, numa indicação de que há maior consumo de sucata em lugar de minério
de ferro ou de fornos elétricos em lugar das tradicionais operações integradas,
e também com consumo mais intenso de sucata.
As
incertezas, segue o analista, estão fundamentalmente relacionadas à reação do
governo chinês à recente desaceleração local, bem como ao tamanho e ao escopo
dos cortes de produção associados à política antipoluição no país. “A
transição da China de economia orientada por investimentos para uma economia
sustentada por consumo deve provocar mudanças estruturais na demanda de metais.
O aço é o mais afetado e o consumo parece ter atingido o pico”, escreveu
Menke. Além disso, a migração das siderúrgicas para fornos elétricos reduzirá o
consumo de minério de ferro.
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