De uma só vez, três locomotivas estão sendo colocadas em
operação a partir deste sábado (1) na estação Anhumas, em Campinas, para a rota
turística de 48 quilômetros (ida e volta) realizada aos finais de semana até
Jaguariúna.
A 5, a 60 a e 604 –praxe no meio ferroviário, as locomotivas
são chamadas pelos seus números– farão juntas no passeio inaugural a tração dos
carros de passageiros operados pela ABPF (Associação Brasileira de Preservação
Ferroviária).
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As locomotivas são consideradas equipamentos únicos e de
valor histórico por representarem várias fases e setores das ferrovias no país,
como o agronegócio e o transporte de passageiros no rico interior paulista.
A número 5 é uma Baldwin e foi fabricada em 1913 nos EUA,
foi vendida à Société des Sucreries Brésiliannes e era usada no transporte de
açúcar entre a usina e a estação de embarque da Companhia Paulista de Estradas
de Ferro, em Piracicaba. A Sucreries tinha ferrovias próprias e unidades em
Rafard e Lorena.
Em 1970, a Sucreries foi vendida para outro grupo e a
compradora deixou o parque de locomotivas ser sucateado. A número 5, porém, foi
comprada por um grupo e levada para Araraquara. Na década de 1990, o grupo
decidiu doar o trem para a ABPF.
Já a locomotiva 50 é alemã, construída em 1930 pela Henschel
& Sohn para a Usina Central Barreiros, de Barreiros (PE).
Foi utilizada em suas linhas internas para o transporte da
cana-de-açúcar moída das lavouras para a área industrial até os anos 70, quando
foi comprada pela Usina São José, do Rio de Janeiro.
Na década seguinte foi novamente vendida, desta vez para a
Usina Santo Amaro, até que o sistema ferroviário interno foi desativado e ela
ficou encostada até 1994, quando um sócio da ABPF a comprou. Ficou um ano em
reforma.
A terceira, 604, é também uma Baldwin, produzida em 1895 e
encomendada pela extinta Estrada de Ferro do Dourado, que foi incorporada pela
Companhia Paulista de Estradas de Ferro para o transporte de cargas e
passageiros especialmente em cidades como São Carlos, Ribeirão Bonito, Bocaina
e Trabiju.
Desde a chegada ela não parou de trabalhar e foi usada até
1958, quando foi cedida a Campinas para ficar exposta em frente ao bosque dos
Jequitibás.
Também foi exposta na estação ferroviária até 1987, quando a
a ABPF conseguiu a cessão da locomotiva.
Após esperar restauro por mais de uma década, um associado
ofereceu patrocínio por meio da empresa na qual era diretor.
Na avaliação da ABPF, mais importante do que o uso neste
sábado é o retorno definitivo aos trilhos das três locomotivas.
“A gente conseguir resgatar, conseguir evitar que esse
acervo se perdesse, importa muito, pois são máquinas muito importantes para o
país”, disse o diretor administrativo da ABPF Hélio Gazetta Filho.
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