BRASÍLIA – Pressionado pela alta de custos, o Produto
Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro deverá diminuir 1,6% neste ano em
relação a 2017, de acordo com estimativa divulgada nesta quarta-feira pela
Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Segundo a CNA, o segmento agropecuário como um todo foi
prejudicado sobretudo pela paralisação dos caminhoneiros, no fim de maio, e
pelo posterior tabelamento dos fretes rodoviários, que gerou aumento de custos
para o transporte de insumos e produtos agropecuários em geral.
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“O tabelamento do frete foi um transtorno que teve impacto
significativo no custo de produção, principalmente no segundo semestre”,
afirmou Bruno Lucchi, superintendente técnico da CNA, durante evento de fim de
ano promovido pela entidade, em Brasília.
De acordo com a
entidade, altas de 19% do óleo diesel e de 22% dos preços das sementes também
exerceram “pressão extra nas margens e na renda gerada no setor” ao longo deste
ano.
O Valor Bruto da
Produção (VBP) agropecuária (“da porteira para dentro”, em contrapartida,
deverá aumentar 3% em 2018 e totalizar R$ 607,6 bilhões, conforme a CNA. O
incremento é sustentado pelo aumento de produção de culturas como café arábica,
algodão, trigo e soja. A alta dos preços dos grãos também deve colaborar para o
resultado.
A CNA observou,
entretanto, que o aumento até poderia ser maior não fossem as quedas de preços
de produtos como arroz, café, cana, mandioca e feijão.
Para 2019, a entidade traçou um cenário positivo. Para o PIB
do setor, projetou alta de 2%, e para o VBP, avanço de 4,3%. Além de projetar
mais um ano de bons resultados para os grãos, a CNA reforçou que o horizonte
está mais promissor para a carne bovina.
Em parte, o cenário
positivo traçado considera que o tabelamento dos fretes será revogado. João
Martins, presidente da CNA, voltou a defender no evento da quarta-feira que o
governo do presidente eleito Jair Bolsonaro reduza impostos incidentes sobre o
óleo diesel como alternativa ao fim do subsídio concedido atualmente, e com
isso abra espaço para o fim do tabelamento.
Como já informou o
Valor, a equipe de transição do governo de Jair Bolsonaro de fato avalia essa
possibilidade. “A tabela foi criada por uma excrescência. Entendemos que, se o
próximo governo fizer correções devidas, como a anulação de impostos, vai
chegar a um ponto em que a tabela não vai ter mais razão de existir. Não
concordamos com a tabela”, reiterou João Martins.
O dirigente também
comentou que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, sinalizou
na terça-feira que poderá suspender as multas aplicadas a empresas e produtores
rurais que tenham descumprido os valores previstos na tabela de fretes até que
a Corte julgue as ações de inconstitucionalidade contra a medida.
Em 13 de novembro, a
CNA chegou a protocolar um pedido para que o STF julgasse imediatamente as
ações de inconstitucionalidade e suspendesse a resolução da Agência Nacional de
Transportes Terrestres (ANTT) que determinou aplicação de multas por
descumprimento da tabela.
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