Com a ferrovia, que promete ligar o Estado ao Pará, a safra poderia saltar das 63,18 milhões de toneladas registradas em 2018 para 108 milhões de toneladas em 2028, de acordo com projeções do Instituto Mato-Grossense de Estudos Agrícolas (Imea).
E isso, sem derrubar uma árvore, ressaltou Guilherme Quintella, presidente da Estação da Luz Participações (EDLP), que integra o consórcio interessado no projeto. Com menor custo logístico, os produtores teriam condições de expandir a área de produção. Para tanto, poderiam usar terras hoje dedicadas à pastagem. A área voltada à produção de grãos no Estado passaria de 14,86 milhões de hectares para 22,26 milhões de hectares.
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A Ferrogrão faz todo sentido e vai ser uma revolução em termos de agronegócio, disse Freitas em seu discurso de posse. Ele comentou que, para dar certo, uma ferrovia precisa ter carga. E, no caso do Mato Grosso, a expectativa é que a produção chegue a 100 milhões de toneladas em 2025.
A questão pendente é financeira. O desafio, disse o ministro, é construir um bom arranjo societário e de garantias para bancar o investimento, estimado em R$ 12,7 bilhões.
Freitas pretende enviar os estudos técnicos, econômicos e ambientais do projeto para o Tribunal de Contas da União (TCU) nos primeiros cem dias do governo. Espero que a licitação ocorra o quanto antes, comentou Quintella.
Trajeto
A Ferrogrão é uma linha de 933 km que ligará Sinop (MT), no coração da área produtora de grãos do País, até o porto fluvial de Miritituba (PA), de onde a carga segue em balsas até os portos na região de Belém. Futuramente, a linha será estendida até Lucas do Rio Verde (MT).
Hoje o percurso da soja do Mato Grosso até Miritituba é feito em caminhões pela BR-163, que ficou conhecida pelos atoleiros no verão de 2017. Ela ainda não está totalmente asfaltada. Faltam 51 km. O governo pretende conceder a rodovia à iniciativa privada por um prazo de até dez anos, até que a Ferrogrão esteja concluída.
O escoamento da safra, que começa em fevereiro, é um ponto de preocupação do governo, por causa das chuvas abundantes deste ano. Já foi elaborado um plano de contingência, com o deslocamento de máquinas para fazer reparos de emergência na pista, colocação de britas e reboque de caminhões atolados.
Também está na programação dos 100 dias o envio ao TCU dos estudos para a concessão da Ferrovia de Integração Oeste-leste (Fiol), um projeto de grande interesse dos investidores chineses.
Prazo adicional
O ministro confirmou ainda que pretende prorrogar os contratos de concessão da Rumo, dois da Vale, da MRS, e da Ferrovia Centro-Atlântica. Em troca do prazo adicional, eles deverão fazer investimentos. No caso da Estrada de Ferro Vitória a Minas, por exemplo, será exigida a construção de outra linha: a da Ferrovia de Integração do Centro-oeste (Fico), ligando Água Boa (MT) a Campinorte (GO).
Semana passada, Freitas informou por meio da rede social Twitter que discutiu com o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, a construção de um segmento ferroviário entre Cariacica e Anchieta, o que representa o início da EF-118, uma referência à ferrovia Vitória-Rio. É um trecho de 84 km, cujo financiamento ainda está em estudos
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