O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), desembarcou ontem, em Brasília, para defender a concessão de rodovias e ferrovias no Estado, além da privatização da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp). Ele levou as propostas a ministros e ao próprio presidente Jair Bolsonaro, com quem ainda tratou do apoio da legenda tucana a pautas no Congresso.
Doria foi acompanhado de parte do seu secretariado e de lideranças do Estado, como a deputada eleita Joice Hasselmann (PSL). No time de secretários estavam Henrique Meirelles (Fazenda), Gustavo Junqueira (Agricultura) e Alexandre Baldy (Transportes Metropolitanos). O deslocamento pela Esplanada precisou ser feito de van.
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“A Ceagesp é maior central de abastecimento do país, que pertence ao governo federal. A nossa proposta é que seja privatizada e mude de endereço, para um local melhor”, disse o governador ao sair da reunião com Bolsonaro.
Doria afirmou que há quatro alternativas de endereço sendo consideradas para a Ceagesp, mas ainda não é possível listá-las para não gerar especulação imobiliária. Ele explicou que a área atual será usada para sediar um centro tecnológico internacional, uma espécie de “Vale do Silício Urbano”.
“A presença da Ceagesp será transformadora na nova área. Será em uma área três ou quatro vezes maior. Ficará a beira de rodovia, o que facilitará tanto a chegada quanto a saída de mercadorias para o Porto de Santos”, disse.
Após alinhar posições com o ministro Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), Doria afirmou que a rodovia federal Rio-Santos (BR-101) deverá ser oferecida ao setor privado na licitação dos novos contratos da Nova Dutra, operada pela CCR – estratégia estruturada pelo governo anterior, conforme antecipou o Valor em dezembro.
“Não faz sentido que uma rodovia dessa importância não esteja concessionada e operada pelo setor privado, melhorando sua eficiência, reduzindo seu potencial de acidentes e melhorando sua funcionalidade para irrigar uma indústria importantíssima como a do turismo”, afirmou, ressaltando que o trecho garante o acesso ao litoral norte do Estado e ao Rio.
Em ferrovias, a proposta é retomar o Ferroanel, do Vale do Paraíba a Campinas, com recursos da renovação de contratos da MRS. Esse modelo também será usado com a renovação do prazo de concessão de linhas da Vale para viabilizar a expansão de outras malhas.
Outro projeto que deverá sair do papel é o Trem Intercidades, que ligará Jundiaí a Campinas. Ao lado de Doria, o ministro da Infraestrutura informou que adotará o modelo de linha compartilhada, que admitirá o direito de passagem a outras empresas do setor. “Temos a total condição de acomodar a operação de passageiros por lá”, afirmou Freitas. Segundo ele, o projeto também atrairá investidores privados por meio de licitação.
Com Bolsonaro, Doria marcou posição contrário à operação do Aeroporto de Marte no local atual. “Não faz o menor sentido que ali funcionem pousos e decolagens. Vocês são testemunhas dos acidentes que já aconteceram ali.” Ele disse que Bolsonaro indicou o brigadeiro Damasceno, do comando aéreo local, para buscar formas de ampliar o aeroporto com financiamento privado. (Colaborou Fabio Murakawa)
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