Amargo chamado à realidade
A tragédia em Brumadinho (MG), desencadeada pela ruptura de barragem da Vale, vai ampliar a pressão de entidades de defesa do meio ambiente por uma mudança de atitude do governo Jair Bolsonaro, e especialmente do ministro da área, Ricardo Salles. Nilo D’Ávila, do Greenpeace, diz esperar muita reflexão sobre certas posições. A atitude pró-empresariado do Planalto também será posta à prova. Aliados pregam firmeza ao cobrar a Vale, para que não haja acusação de leniência.
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O que cativas
Salles assumiu o Ministério do Meio Ambiente pregando a facilitação da emissão de licenças ambientais e prometendo uma caçada a fiscais que aplicassem multas consideradas inconsistentes pela pasta.
O óbvio
Está muito claro que o fiscal é uma das pessoas mais importantes, e que não se deve criminalizar nem o processo de licenciamento nem a fiscalização. Eles ajudam a evitar tragédias, prega Nilo D’Ávila.
Ele avisou
No plano de governo que Bolsonaro registrou no TSE, a expressão meio ambiente aparece uma vez, inserida no contexto de propostas para a nova estrutura federal agropecuária.
Dia seguinte
O Planalto recebeu informações de que o rompimento das barragens pode ter atingido trechos da malha sob gestão da operadora de logística MRS. Ao todo, são 1.643 km de ferrovias.
Dia seguinte 2
Essa malha ferroviária faz a conexão de cinco dos maiores portos do país e transporta, hoje, cerca de um terço de toda a produção nacional. Procurada na noite desta sexta (25), a MRS disse que ainda não tinha condições de confirmar a informação.
Tudo de novo
Pouco depois da notícia sobre a ruptura da barragem em Brumadinho, o Ministério Público Federal enviou procuradores à região para atuar em duas frentes de investigação: danos ao meio ambiente e atenção aos atingidos pela tragédia. Até o fim da noite de sexta, falava-se em 200 desaparecidos.
Diga a que veio
A condução do desastre em Brumadinho é vista como a primeira prova de fogo do partido Novo, ao qual o governador Romeu Zema (MG) e o ministro Ricardo Salles são filiados.
Trair e coçar
A constatação de que senadores do MDB estão prometendo voto tanto a Simone Tebet (MS) como a Renan Calheiros (AL), os nomes que disputam a indicação do partido para concorrer à presidência da Casa, ampliou a torcida para que a votação da bancada seja secreta.
Deu para ti
Integrantes do MDB foram avisados de que, no processo de reestruturação da EBC, o escritório da estatal no Maranhão, que abrigava aliados dos Sarney, deve ser fechado.
Visão estratégica
Na tentativa de selar de uma vez um acordo que garanta a reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na presidência da Câmara, aliados do democrata estão oferecendo a dirigentes do PP e do MDB acordos de longo prazo.
Quer pagar quando
Como Maia já fechou com diversas legendas, os espaços vagos na Mesa Diretora estão restritos. As ofertas agora são de postos em comissões e no comando da Casa para daqui dois anos.
Nem vem
Um bloco composto só por partidos de esquerda, com PT e PSOL, foi descartado, ao menos por enquanto, pelo PSB. A sigla avisou que se interessa por uma composição de centro-esquerda, ou seja: que abrigue PP e MDB.
Debaixo dos panos
Na prática, a construção de um bloco só da esquerda favoreceria Rodrigo Maia, garantindo a ele a possibilidade de cumprir todos os acordos que firmou com as siglas que já o apoiam.
Debaixo dos panos 2
Seja qual for o rumo formalmente definido pelo PT, integrantes da sigla e de partidos aliados acreditam que Maia poderá ter, na votação secreta, até 30 dos 56 votos da bancada. O PT não fechou abertamente com o democrata porque ele conseguiu atrair o PSL de Bolsonaro.
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