Supervia investiga se falha em sistema de freios de trem causou acidente que matou maquinista no Rio

A Supervia, concessionária que administra o serviço de trens do Rio de Janeiro, abriu uma sindicância para apurar a causa do acidente que deixou oito pessoas feridas e o maquinista morto. Uma das hipóteses analisadas pela concessionária é uma falha no sistema que regula a aceleração dos transportes.

O ATP, sigla que significa “proteção automática dos trens” em inglês, não permite que o maquinista ultrapasse um sinal fechado. Ou seja, um problema no ATP pode ter causado a colisão entre os trens na estação de São Cristóvão.

Segundo a Supervia, os trens que saem da Estação Praça da Bandeira na direção Zona Oeste normalmente atingem os 50 quilômetros por hora. Depois, reduzem para 30/35 quilômetros por hora e, na ponta da plataforma de São Cristóvão, começam a frear.

O presidente da Supervia, José Carlos Prober, afirmou que o maquinista não conseguiu ter contato visual com o trem que estava parado.

“De alguma forma, ele não foi avisado da presença desse trem em plataforma. Então não houve a paragem obrigatória no sinal anterior. Ele entra na plataforma de São Cristóvão em curva. Então, o maquinista infelizmente não conseguiu ter contato visual com o trem que estava parado. Portanto ele não fez nenhum movimento de frenagem do trem porque ele não tinha informação do trem parado em plataforma”, disse o presidente da Supervia.

O professor de Engenharia de Transporte da PUC-Rio José Eugênio Leal afirmou que a batida não ocorreria se o ATP estivesse funcionando. “Se estava somente na mão do maquinista, dependendo da velocidade, ele não conseguiria frear. A questão central é essa. Por que esse trem entrou numa linha que tinha trem de passageiros parado?”, disse Leal.

A Supervia disse que vai apurar as causas do acidente num prazo de 30 dias. A resposta pode vir das caixas pretas, que registram áudios dos maquinistas, panes elétricas e todo contato feito com o controle do sistema ferroviário.

Todas as informações contidas nessas caixas pretas já estão sendo analisadas por técnicos da Agetransp, a agência que regula e fiscaliza o setor. A Polícia Civil também investida o que teria provocado a batida entre os dois trens.

A viúva do maquinista Rodrigo Assumpção, Jessui Corrêa Assunpção, foi na manhã desta quinta-feira (28) ao Instituto Médico Legal para liberar o corpo do marido. Segundo ela, Rodrigo era apaixonado pela família e pelo trabalho.

“A definição do Rodrigo é uma pessoa do bem, do bem mesmo. Eu estou despedaçada, porque a minha metade foi embora”, disse.

Agetransp também abre investigaçãoEngenheiros e técnicos da Câmara de Transportes e Rodovias (Catra) da Agetransp também abriram uma investigação para apurar o acidente. O resultado dos trabalhos da agência será divulgado através de uma nota técnica. Em caso de descumprimento de contrato, a concessionária poderá ser multada.

“Dentro de 30 dias, esperamos ter coletado, validado e tratado todos os dados necessários. A partir de então, será feita a análise que visa identificar os fatores que contribuíram para o acidente e, se for o caso, recomendar medidas que possam ser adotadas para evitar ou reduzir a possibilidade deste tipo de acidente”, comentou José Luiz Lopes Teixeira, gerente da Câmara de Transportes e Rodovias.

Fonte: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2019/02/28/supervia-investiga-se-falha-em-sistema-de-freios-de-trem-causou-acidente-que-matou-maquinista-no-rio.ghtml

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*