Especialistas ouvidos pelo RJ2 afirmam que seria melhor manter alagado o buraco da estação Gávea do metrô, cuja obra está parada desde 2015, para retomar as obras. Nesta quinta (5), o governador Wilson Witzel anunciou a intenção de aterrar o local.
“(Seria melhor) Deixar na água porque depois vai ficar mais fácil pra retomar a obra. Dentro de uma perspectiva de meia dúzia de anos, essa obra poderia vir a ser retomada. Eu manteria aquilo inundado sem aterrar”, afirma o engenheiro da Coppe-UFRJ Maurílio Ehrlich.
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“Se eles tentarem aterrar ali, vai acabar com a possibilidade, num curto prazo, de se implantar a Linha 4”, concorda Eva Vider, engenheira de transportes da UFRJ.
Mais cedo, Witzel argumentou que o Estado não tem verba para encontrar outra solução.
“Eu fiz vários estudos na tentativa de concluir a obra. Infelizmente, o custo com aquela obra é de R$ 1 bilhão ou até mais. Nós não temos esse dinheiro”, justificou o governador.
Maurílio diz ainda que a opção de aterrar a estação pode ser feita, mas diz que um erro pode trazer ainda mais problemas.
“Existe maquinário específico para fazer isso, mas não vai ser algo fácil porque vai ser uma compactação num local confinado. Então, vai haver dificuldades técnicas, mas é viável. A ideia de aterrar é boa, desde que bem executada. Então, se você tiver um trabalho mal feito, você vai botar em risco, e a gente não pode avaliar quanto de prejuízo poderá ser, mas a gente vai botar em risco a região.
A Concessionária Rio Barra informou que não foi comunicada oficialmente sobre a decisão do Governo do Estado sobre o aterramento da estação Gávea.
O local foi inundado com água em janeiro de 2018, por recomendação do consórcio e para afastar a possibilidade de danos estruturais nos prédios do entorno.
Gastos de R$ 934 milhões
A Estação Gávea custou R$ 934 milhões. Nas seis estações previstas no projeto da Linha 4, que começou em 2010, já foram gastos mais de R$ 10 bilhões.
Em agosto do ano passado, procuradores do Ministério Público Especial (MPE), ligado ao Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), pediram a suspensão dos contratos de concessão das linhas 1, 2 e 4 do metrô – além da realização de nova licitação.
Eles disseram que “superabundam” motivos para a anulação e falaram em “montanha de absurdos”. Eles citaram um superfaturamento de R$ 2,3 bilhões nas obras da Linha 4.
Em maio deste ano, alegando riscos estruturais, o governo do Rio de Janeiro solicitou que a Justiça reconsiderasse a decisão liminar (provisória) que impedia o estado de gastar mais dinheiro público na obra da Estação Gávea do metrô.
“O dinheiro que estamos recebendo não pode ser destinado para fazer a obra da estação de metrô da Gávea enquanto, na Rocinha, estamos com aquele deslizamento de terra, com esgotamento sanitário a céu aberto, com a população mais pobre sofrendo. O programa Comunidade Cidade, que prevê investimentos de mais de R$ 1 bilhão, começará dia 23 de setembro”, disse Witzel.
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