Prefeitura de Uberlândia busca parcerias público-privadas para melhorar condições logísticas da região

Capital Nacional da Logística, Uberlândia quer melhorar as opções de transportes e de escoamento da produção do Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e Noroeste de Minas. Para isso, busca parcerias público-privadas para investir em ferrovias, rodovias e aeroporto, além do gasoduto. E tudo isso nasceu de um estudo realizado pela Prefeitura de Uberlândia sobre as potencialidades e necessidades da região.

“Temos que trabalhar para a economia crescer e, com isso, gerar emprego e renda. E nós não podemos pensar em Uberlândia como uma cidade isolada, temos que olhar o conjunto de uma economia. Em 2017, nós começamos a levantar os dados do Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste Mineiro para identificar tudo que existe na região, qual a vocação dessa área para verificar qual seria a melhor direção para o desenvolvimento”, afirmou o prefeito de Uberlândia, Odelmo Leão (PP).

Os resultados mostram que as principais commodities exportadas pela região são o café, o complexo sucroalcooleiro, o complexo de soja e a carne. E que os principais destinos de exportação dos produtos da região são China, Estados Unidos, Alemanha e Itália. Também foi verificado que o Triângulo, Alto Paranaíba e o Noroeste são responsáveis por 74% da produção de soja e milho de Minas Gerais, além de representar 83% da produção do setor sucroalcooleiro do estado, e ter o maior percentual da pecuária de Minas (25%). Além disso, foi comprovado que 50% da potencial de estocagem do estado mineiro está na região.

Com a comprovação dos potenciais da região na economia estadual, principalmente nas áreas do agronegócio, a Prefeitura de Uberlândia traçou objetivos para melhorar a logística da região e, com isso, conseguir angariar mais investimentos, além de ampliar as opções de escoamento da produção. Um deles é interligar o Corredor Leste ferroviário ao porto de Vitória (ES). Outro é tirar a Ferrovia do Cerrado do papel. E ainda melhorar as rodovias da região, melhorando, inclusive, as condições de chegar ao porto de Chaveslândia, em Santa Vitória, que permite realizar a distribuição dos produtos pelo Mercosul, por meio da hidrovia.

Para concretizar essas metas, o prefeito de Uberlândia tem realizado reuniões com empresários e com os governos estadual e federal para tentar intermediar e angariar investimentos privados em ferrovias, rodovias e aeroporto, além do gasoduto. No dia 23 de agosto deste ano, por exemplo, o chefe do Executivo uberlandense apresentou o estudo logístico para melhorar a infraestrutura da região e do estado ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), à ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, e ao ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas.

“Nós queremos participar dos programas de privatização dos governos estadual e federal. Mais nada. Não quero um centavo. O que eu quero é participar e trazer esses investimentos privados para a nossa região. Tem que ser tudo parceria público-privada, concessão, porque os governos não têm como investir”, disse Leão.

“Quando o governo de Minas for fazer o ajuste fiscal e tributário com a União, o Estado vai ficar cerca de 10 anos sem poder fazer nenhuma concessão para atrair novos investimentos aqui. E se nós não tivermos a logística para oferecer, vamos oferecer o quê? É importante lembrar que a demanda para os próximos 40 anos é comida”, concluiu o prefeito.

Ferrovias

A Prefeitura de Uberlândia tem a proposta de que a VLI, a FCA e a Vale, empresas que atualmente administram as ferrovias em Minas Gerais, invistam na ampliação do Corredor Leste mineiro e realizem um anel ferroviário em Belo Horizonte para fazer a integração com Vitória. Segundo o prefeito de Uberlândia, a ideia é de que, a partir do Entreposto Cinquentão em Araguari que vai para Santos, seja realizado um entrocamento em Patrocínio e construídos trilhos pela Serra do Tigre até Prudente de Moraes, de onde o caminho seguiria para Belo Horizonte e de lá para Vitória.

“Vitória já está mais acima que Santos, então ganha alguns poucos dias de viagem. Mas a vantagem é ter uma segunda opção e não ficar preso somente a Santos, que já é um porto sobrecarregado. Uma economia do tamanho da nossa não pode ficar travado em apenas uma opção. Essa interligação que tem que ser feita até Vitória é de 450 km. Estão licitando trecho ferroviário de 1.500 km, de 2000 km. Nossa região precisa desse suporte logístico”, afirmou Odelmo Leão.

Outra intensão do Município é fazer com que a Ferrovia do Cerrado seja executada. Pelo projeto, a linha ligaria Uberlândia a Rio Verde (GO) e a Jataí (GO) e, conseguente, à Ferrovia Norte-Sul, que levaria a produção da região para o porto do Itaqui, em São Luis (MA).

“Essa ferrovia do Cerrado também é poucos quilômetros. E é um terreno plano. Atravessa o Rio Paraíba. Aí faria aqui no corredor Leste a ligação Triângulo-Porto de Vitória por um lado, e por outro Triângulo-Rio Verde-Porto do Itaqui”, explicou o prefeito.

Para ele, a integração da região com a ferrovia Norte-Sul é essencial. “O governo acabou de licitar essa ferrovia. Ao todo, foram 1.537 km. E o que que aconteceu? Ela sai de Estrela do Oeste, na divisa de Minas e São Paulo, passa no bico do Triângulo Mineiro, vai a Rio Verde, Anápolis e foi pro porto do Itaqui. Nós ficamos totalmente fora. Como que uma ferrovia importante dessa passa no bico do Pontal do Triângulo, e nem para la, só passa? Então, nós temos que fazer essa integração para o Norte. O porto do Itaqui, hoje, é uma grande opção do Brasil para a Ásia, porque são menos 10 dias de navegação.”

Para que tudo isso se concretize, a administração municipal busca alternativas junto à Assembleia Legislativa de Minas, aos governos estadual e federal, além das próprias empresas ferroviárias. “A concessão da VLI vence em 2026. Como que uma concessionária que tem seis anos para vencer o contrato dela vai investir? Nós temos que pedir a prorrogação da concessão da VLI para 2060, porque aí ela tem potencial de investimento. E que esta essa prorrogação seja revertida em investimentos em Minas. E não só Alto Araguaia, como ela está fazendo para ligar a Norte-Sul, ou na Serra do Carajás para o porto do Itaqui, que são 1 mil km de ferrovia para carregar minério, e nós ficamos pra traz.”

Rodovias e hidrovia

Neste ano, o Governo Federal anunciou licitação para as concessões de rodovias federais, entre elas as BR-364 e BR-365, que ligam Uberlândia a Jataí (GO). Mas a Prefeitura de Uberlândia também está preocupada com as melhorias da BR-365 sentido a Patos de Minas, até Montes Claros, além de outras vias que levam à divisa com a Bahia, que não estão contempladas no pacote de concessões anunciado pela União.

“Minas tem a maior malha rodoviária federal do país. Nós queremos participar dos programas de privatização da União. Precisamos que seja licitada a concessão da BR-365 também até Montes Claros, para duplicar e melhorar essa importante rodovia para a logística da região”, disse Odelmo Leão.

De acordo com ele, as licitações de vias que o governo de Minas deve abrir não fortalecem a malha viária na visão de logística. “São 2.500 km de rodovia, que vão dar R$ 7 bilhões em 25 anos. Essas rodovias são só dentro do Estado, não fazerem uma ligação com logística”, explicou.

Conforme Leão, o estudo logístico aponta que é necessário fortalecer a infraestrutura rodoviária, como a BR-262, que liga Uberlândia a Belo Horizonte. “A concessionária está devolvendo a concessão. Temos que fazer uma relicitação amigável, não podemos deixar que a rodovia volte para ser licitada, porque são 5 anos todo o trâmite novamente.”

Apesar disso, a concessão das BR-364 e BR-365 vai proporcionar melhor acesso à hidrovia Paranaíba-Tietê-Paraná, segundo o prefeito. “Com a duplicação da rodovia, vamos ter melhores condições de chegar ao porto de Chaveslândia e escoar a produção pela hidrovia e distribuindo os produtos entre países do Mercosul. Essa é uma outra opção de logística que temos à disposição e que é mais barata”, afirmou Leão.

Aeroporto e gasoduto

Neste ano, a Infraero já entregou melhoria no Aeroporto Tenente Coronel Aviador César Bombonato, em Uberlândia, como a revitalização da pista de pouso e decolagem. Também anunciou a ampliação em 70% do terminal de passageiros. Mas o prefeito de Uberlândia acredita que deve ser incentivado o transporte de cargas pelo aeroporto da cidade. E para isso, segundo ele, seria necessário que o terminal seja concedido à inciativa privada.

“Estamos conversando com o governo de Minas para que seja realizada uma licitação do pacote com os principais aeroportos do estado, como , Juiz de Fora, Montes Claros Uberaba, Uberlândia, Pampulha. E ao licitar, lincá-los com Confins, que é um dos maiores aeroportos internacionais do Brasil hoje, de passageiros e de cargas”, afirmou.

Além disso, o Município trabalha para que o projeto do Gasoduto chegue definitivamente a Uberlândia. “Fizemos, no início de agosto, uma reunião na Assembleia Legislativa sobre esse assunto. Precisamos destravar isso. O ministro da Economia, Paulo Guedes, está dizendo que o preço do gás vai cair, tanto é que já caiu. E está tudo parado nesse assunto. Tem que ter decisão de governo e privatizar esse gasoduto. Fazer uma concessão de 30 anos e quem vestir transporta do gás. E nós queremos garantir a extensão do tronco do gasoduto para o Triângulo”, disse Leão.

Fonte: https://g1.globo.com/mg/triangulo-mineiro/noticia/2019/09/08/prefeitura-de-uberlandia-busca-parcerias-publico-privadas-para-melhorar-condicoes-logisticas-da-regiao.ghtml

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