Transporte público não acompanha retomada das atividades econômicas no Grande Recife

Governo do Estado, gestor dos ônibus na RMR, foi surpreendido, mais uma vez, pela demanda de passageiros. Metrô também.FOTO: BOBBY FABISAK/JC IMAGEM

O governo de Pernambuco foi, mais uma vez, surpreendido pela demanda de passageiros do transporte público no primeiro dia da retomada gradual das atividades econômicas na Região Metropolitana do Recife. Pelo menos essa foi a impressão de quem circulou por alguns terminais integrados do sistema, principalmente os que fazem integração com o metrô do Recife. Apesar de ter estocado ônibus em 16 dos 26 TIs, havia momentos em que os coletivos não davam conta das longas filas de passageiros concentrados nos horários de pico. O reforço de 120 coletivos se mostrou, novamente, insuficiente. Assim como a insistência em manter a frota operando com apenas 54%. Assim, a promessa de evitar aglomerações foi, mais uma vez, difícil de cumprir.

A previsão do Plano de Convivência com a covid-19 criado pelo governo de Pernambuco para a retomada das atividades da construção civil e do comércio atacadista – que começou nesta segunda (8) – previa o reforço de até 20% das viagens, que estavam reduzidas à metade da operação normal. A estimativa era de mais 120 ônibus na operação – o mesmo esquema adotado desde o fim do lockdown, vale ressaltar. Em alguns TIs, os ônibus estocados foram praticamente utilizados. E, mesmo assim, nas filas, os passageiros reclamavam e exigiam mais e mais coletivos.

Os 16 terminais integrados que receberam ônibus extras foram Joana Bezerra, Tancredo Neves, Macaxeira, Caxangá, Aeroporto, Jaboatão, Barro, TIP, Cajueiro Seco, Xambá, PE-15, Camaragibe, Pelópidas Silveira, Igarassu, Abreu e Lima e Cabo. Embora, pelo menos a partir dos TIs, os ônibus estivessem saindo com os passageiros sentados e poucos em pé, as filas de algumas linhas eram longas, forçando os passageiros à aglomeração tão temida devido à contaminação pelo coronavírus. A sensação de quem depende do transporte público é de que o chamado novo normal chegará com as dificuldades do setor ainda maiores do que eram no pré-pandemia.

EQUIPAMENTOS INADEQUADOS Em algumas situações e linhas, era visível a necessidade de utilizar equipamentos maiores, ou seja, ônibus articulados ou BRTs, por exemplo. Mas segundo o secretário de Desenvolvimento Urbano de Pernambuco, Marcelo Bruto, que responde pela gestão do sistema de ônibus da RMR e acompanhava a operação no TI Joana Bezerra, o regulamento do sistema não permite transferir veículos de uma empresa para outra, por exemplo.

Os BRTs, por exemplo, estão sendo utilizados nos terminais onde as empresas atuam. É o caso de Camaragibe, Paulista e PE-15. Estamos trabalhando com os recursos que existem. É claro que gostaríamos de ter veículos maiores para toda a operação, mas não temos, justificou o secretário. Na verdade, o que mais pesa é a guerra travada entre custo e receita do sistema. Com uma perda de demanda que até a semana passada era superior a 70%, o setor empresarial tem feito pressão e o governo do Estado tem cedido numa tentativa de minimizar o prejuízo financeiro do setor. Desde que a pandemia começou e até o dia 29/5, a perda de receita dos ônibus já havia gerado um prejuízo superior a R$ 155 milhões.

METRÔ TAMBÉM COM LOTAÇÃO A retomada gradativa das atividades econômicas também refletiu no Metrô do Recife, que apesar da expectativa de mais passageiros manteve a operação parcial criada desde o início da pandemia – apenas nos horários de pico da manhã (6h às 9h) e da noite (16h30 às 20h). Na Estação Recife e na Estação Joana Bezerra, duas das unidades de maior movimento do sistema metroviário, a impressão dos funcionários foi de que a demanda aumentou 50% nesta segunda-feira (8/6).

A Superintendência da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) no Recife não planeja ampliar a operação do sistema, pelo menos por enquanto. A companhia diz, desde o fim de semana, que está analisando a ampliação, mas nesta segunda-feira explicou que o afastamento de mais da metade do quadro de funcionários por fazerem parte do grupo de risco da covid-19 dificulta a ampliação. Para a lotação desta segunda-feira, argumentou que teve problemas em mais um trem.

ETAPAS DA REABERTURA ECONÔMICA A primeira etapa de reabertura foi iniciada na Segunda-feira (1/6), com a liberação da operação de lojas físicas de material de construção, seguindo novos protocolos de atendimento, e com funcionamento exclusivamente por delivery do comércio não essencial, que esteve restrito nos 15 dias de intensificação da quarentena.

Clínicas e consultórios médicos, odontológicos e veterinários, óticas, clínicas de fisioterapia e de psicologia, que retornarão às suas atividades no próximo dia 10. Antes, as atividades não possuíam data definida.

A reabertura gradual do varejo para lojas de até 200 metros quadrados funcionará ao mesmo tempo para todo o comércio do Estado, no Centro e nos bairros. Esses estabelecimentos estão autorizados a reabrir a partir do dia 15 de junho. Serviços de venda, locação e vistoria de veículos também voltarão a funcionar na mesma data.

Salões de beleza e serviços de estética, cujo atendimento estava previsto para começar a partir do dia 15, continuam sem alterações. Esses estabelecimentos precisarão atender um cliente por vez, por agendamento, sem fila de espera e com higienização entre uma pessoa e outra, além de obedecer ao distanciamento de, pelo menos, 1,5 metro entre clientes. A partir da mesma data também poderão ocorrer os treinos de futebol profissional.

Fonte: https://jc.ne10.uol.com.br/colunas/mobilidade/2020/06/5611737-transporte-publico-nao-acompanha-retomada-das-atividades-no-grande-recife.html

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