Com 368 mortes em 10 anos, Grande Rio é a região do país com mais atropelamentos ferroviários fatais

A Região Metropolitana do Rio concentra a maioria dos atropelamentos ferroviários do país - Foto: Reprodução/TV Globo

A Região Metropolitana do Rio concentra a maioria dos atropelamentos ferroviários fatais do Brasil. Segundo um levantamento da Casa Fluminense, entre 2008 e 2018, 368 pessoas morreram atingidas nos trilhos da Supervia.

Os dados, aos quais o RJ1 teve acesso, foram obtidos no Instituto de Segurança Pública pela Lei de Acesso à Informação.

O estudo detalha ainda o perfil das vítimas e das ocorrências.

80% são homens; 68% são negros; 32% dos acidentes aconteceram dentro das estações.

Vítima estampada em estação Uma dessas vítimas é Joana Bonifácio, morta em 24 de abril de 2017 na Estação de Coelho da Rocha, em Meriti, onde pegava o trem para ir estudar.

O maquinista fechou a porta, prendeu o pé da Joana e saiu arrastando por uns 20 metros, lembra a mãe, Teresa Cristina. Ela caiu no vão porque era enorme.

Segundo Teresa, o trem onde a filha morreu não tinha sinalização nem câmera.

Hoje o rosto de Joana está pintado no muro da estação.

Desníveis nas estações Pesquisador da Casa Fluminense, João Pedro Martins aponta para o risco com os desníveis nas estações.

A primeira coisa é reduzir o vão entre o trem e a plataforma, afirmou.

A gente também pode pensar em instalação de sensores que não permitam que o trem parta com porta aberta ou com alguém preso. Também podemos ter câmeras para que o maquinista enxergue toda a composição, detalhou Martins.

O RJ1 esteve em diferentes pontos da malha da Supervia e ouviu passageiros. Os vãos variam não só na distância, mas também na altura – em alguns casos, há um degrau na hora de embarcar.

O passageiro Thiago Menezes afirmou que andar de trem é perigoso, em muitos aspectos. O principal é a distância entre o trem e a plataforma. As estações são sujas e jogadas. As composições não têm segurança. Rola de tudo nos vagões, descreve.

A cuidadora de idosos Marta Cilene diz ter medo de andar de trem. É essa distância, eu tenho medo de cair. E não tem conforto nenhum. A gente não tem segurança nenhuma, a verdade é essa, narrou.

A Supervia opera oito linhas e 104 estações. Antes da pandemia, 600 mil passageiros circulavam pela malha -esse volume caiu à metade.

O que diz a concessionária A SuperVia enviou uma nota em que lamenta todas as ocorrências com vítimas no sistema ferroviário.

A concessionária valoriza a vida de seus clientes e colaboradores e adota todas as medidas necessárias para conferir a maior segurança possível à operação e às comunidades do entorno da linha férrea, escreveu.

A empresa informou adotar protocolos como treinamentos constantes e a redução da velocidade dos trens em áreas mais críticas.

No entanto, a prevenção de acidentes depende, sobretudo, do respeito às normas de segurança por parte daqueles que transitam nas regiões atendidas pela empresa, pontuou.

A Supervia citou como problemas a falta de isolamento da linha, a abertura de passagens clandestinas e a construção de moradias irregulares. Diariamente são registrados casos de tentativa de impedir o fechamento de portas, afirmou.

Sobre o caso da morte de Joana, a concessionária disse que se solidariza com a família e diz que ela caiu no vão entre o trem e a plataforma após ignorar o aviso sonoro de fechamento de portas e tentar embarcar em uma composição em movimento.

A Supervia afirmou também que existe um processo de modernização e que várias estações passaram por reformas nos últimos anos. Segundo a concessionária, o desnível acontece pela diferença dos modelos de trens.

Fonte: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2020/07/27/com-368-mortes-em-10-anos-grande-rio-e-a-regiao-do-pais-com-mais-atropelamentos-ferroviarios-fatais.ghtml

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