O agronegócio, a indústria de alimentos e o varejo foram os motores no desempenho da fabricante de balanças Toledo Brasil durante a pandemia da covid-19. Também teve destaque a área de portos e ferrovia. Ao contrário, outros setores, responsáveis por um terço do negócio da empresa, sofreram o impacto da crise em suas atividades – casos de automotiva, metal-mecânica e química, vidro, logística e serviços.
Consideramos que vamos fechar o ano no mesmo patamar de 2019, o que se pode dizer que é um resultado bom diante do que estamos enfrentando neste ano , diz Paulo Haegler, principal acionista e também presidente da Toledo. A empresa tem fábrica em São Bernardo do Campo, no região metropolitana de São Paulo.
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A Toledo encerrou o primeiro semestre com vendas de R$ 230 milhões – alta de 4% na comparação com igual período de 2019. A expectativa é, ao menos, repetir esse valor de julho a dezembro. As vendas, em todo o ano passado, somaram R$ 469 milhões.
O empresário informa que janeiro e fevereiro foram bem aquecidos de vendas de balanças – a empresa fabrica desde uma balanço doméstica até equipamentos de pesagem para gado e embarques nos portos para grãos e minério. Com a chegada da pandemia, o volume de produção da Toledo caiu com as medidas de proteção e isolamento das pessoas. De março a maio, operamos com 60% da capacidade de produção. Nesse período, consumimos estoques, o que estamos recompondo agora.
A partir do início deste mês, informa Haegler, as linhas de produção voltaram à normalidade, com praticamente todos os funcionários da fábrica trabalhando, sendo adotados os protocolos de proteção sanitária. Não temos mais redução de jornada nem de salários, afirma.
Já as 350 pessoas, de áreas administrativas e de vendas, que estavam em home office, vão continuar em casa. O retorno delas será gradual.
No varejo, os supermercados e o e-commerce se destacam como grande cliente da Toledo. Responde por um terço de tudo que é vendido. Durante a crise não pararam e, diz Haegler, voltaram a recompor pedidos – tanto de balanças, como de etiquetas eletrônicas para as gôndolas como softwares de gestão e reposição de mercadorias. Quem mais sofreu na pandemia foi a rede de revendedores de balanças que atende pequenos e médios comerciantes. Um exemplo ilustrativo: os restaurantes self-service, que ficaram fechados.
Segundo Haegler, a demanda se manteve firme também na indústria de alimentos – que não parou na crise – e no agronegócio. Tivemos demanda de fazendas e grandes produtores de grãos para equipamentos de pesagem para frigoríficos, silos, armazéns, caminhões de transporte de animais, balanças para os portos e para centrais de armazenagem de ferrovias, diz.
As encomendas vieram do chamado Arco Norte – portos de Itaqui, Santarém e Miritituba – e do Sudeste: Santos, Paranaguá e Vitória. Concessionárias de ferrovias também fizeram mais pedidos para reforçar suas instalações no recebimento de cargas e no escoamento para os portos.
A indústria de alimentos e a cadeia produtiva do agronegócio – desde a fazenda ao porto, para exportação – respondem por mais um terço das vendas da Toledo.
Haegler diz que, no geral, a empresa teve a atividade industrial mais afetada em março e abril – registrou queda de 25% em abril. Isso se deveu em parte também por causa da suspensão de demanda de setores como autopeças, químico, mineração, cimento, transportes e serviços. Essas áreas têm peso da ordem de 30% a 35% no faturamento anual da empresa.
As exportações de balanças são irrisórias – negócios pontuais para alguns países da América do Sul. Neste ano, uma venda relevante foi fechada com um terminal portuário do Peru, de quatro sistemas de pesagem. O valor dos equipamentos variou, cada um, entre US$ 300 mil e US$ 500 mil. Preferimos focar nos grandes grupos brasileiros do agronegócio que exportam para a China.
A Toledo tem 1.350 funcionários. Durante a crise, afirma Haegler, a empresa não demitiu ninguém. Pelo contrário, neste mês, está contratando 10 pessoas para as áreas de produção e vendas.
A empresa prevê investir no ano R$ 4 milhões em caminhões de calibragem para assistência técnica nos clientes, em reposição e em máquinas mais modernas. Uma das áreas de expansão no negócio da Toledo é a de automatização. Uso maior da tecnologia tanto para varejo e indústria como as fazendas – por exemplo, controle remoto de caminhões e gerenciador de rebanhos.
O empresário ainda vê um período longo de convívio com a pandemia e diz que a evolução terá de ser gradual e racional. Para ele, o modelo de trabalho que hoje está em home office deverá caminhar para um modelo híbrido. No futuro, vamos ter dois dias em casa e três presencial. As pessoas sentem a falta do convívio.
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