A cidade de Cruzeiro vai receber cerca de R$ 2,2 milhões do Ministério do Turismo para obras no Complexo Ferroviário da cidade. As intervenções buscam revitalizar parte da história ferroviária local e contribuir para a melhoria da infraestrutura turística. O projeto já foi aprovado pela Caixa Econômica Federal, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo.
As obras, apoiadas com recursos do Governo Federal, devem ser concluídas no primeiro semestre de 2021 e preveem a recuperação de parte do patrimônio remanescente da extinta Rede Ferroviária Federal S/A, como a Estação Ferroviária Central/Pátio, a Oficina Primitiva, a Rotunda, a Estação Rufino de Almeida e a Praça do Cinquentenário.
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O secretário de Políticas Públicas de Cruzeiro, Khaled Penna Valle, explica que o município possui uma história diferente das demais cidades da região, que se desenvolveram através dos ciclos do ouro e do café, e cresceram em sociedades rurais. Cruzeiro desenvolveu-se através do advento da ferrovia e fundamentou-se em uma sociedade urbana. Esse fato fez com que a cidade herdasse um patrimônio cultural ferroviário único, destacou.
Para Valle, além de inestimável valor histórico e arquitetônico, os marcos ferroviários constituem um poderoso atrativo turístico, com capacidade de propiciar a geração de empregos, renda e a transformação social, proporcionando, assim, o crescimento e desenvolvimento do município. Nesse sentido, esse projeto poderá trazer diversos benefícios para comunidade como: incremento do turismo, ocupação dos prédios com fomento de atividades econômicas, culturais e turísticas dissipando problemas sociais, afirmou.
O secretário ressalta, ainda, que o fomento ao turismo também será um dos legados dessa obra. Além de todos benefícios gerados à comunidade, a reforma será fundamental para o desenvolvimento turístico de Cruzeiro e indispensável para o resgate da memória histórica ferroviária cruzeirense. Em uma cidade considerada predominantemente turística, a infraestrutura passa a ser um fator decisivo do turista, explicou. Sendo assim, o incremento desse setor, através da parceria com o Ministério do Turismo, torna-se essencial, concluiu.
HISTÓRIA
A historiadora Cláudia Ribeiro explica que a estação ferroviária de Cruzeiro marca o início da formação urbana da localidade, que é marcada pela junção de características da modernidade e da tradição. As informações são parte da tese de doutorado da pesquisadora e da dissertação de mestrado O Momento: um espaço de luta ferroviária na cidade de Cruzeiro em 1933.
A cidade surgiu de um entroncamento férreo na época do Ciclo do Café. Eu defendo que Cruzeiro é a ‘Cidade do Trem’, porque é isso que trouxe as características urbanísticas e o traçado da cidade extremamente moderno que temos, afirma Ribeiro, se referindo às ruas simétricas do centro histórico, que tem influência dos engenheiros da Estrada de Ferro Minas e Rio.
Cláudia explica ainda que a Estação Ferroviária era uma parada obrigatória para os viajantes, devido a uma necessidade de troca de trem para quem precisava viajar pela região, já que as bitolas (dos trilhos) eram de tamanhos diferentes. A espera pela nova viagem era em Cruzeiro e, com o passar do tempo, as pessoas passaram a se socializar na estação férrea. Muitos moradores iam ver ‘o movimento’ e, por isso, a estação tinha um fluxo de pessoas o dia todo, explicou.
A historiadora destacou, ainda, a relevância da iniciativa de restauração para o resgate da história local e para a valorização das origens dos cidadãos cruzeirenses. Se nós não percebermos o valor da formação da nossa cidade e da constituição do nosso povo, não preservaremos nossa memória e a nossa identidade, concluiu.
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