Governo quer usar R$ 1,2 bi fora do teto para bancar obras do metrô de Belo Horizonte

Recursos para obras da linha 2 do metrô não vão passar pelo caixa do Tesouro. Foto: Divulgação/CBTU

O Ministério da Infraestrutura acertou o direcionamento de R$ 1,2 bilhão em recursos obtidos pela União por meio de um acordo judicial para bancar obras da linha 2 do metrô de Belo Horizonte sem passar pelo caixa do Tesouro. A manobra chamou a atenção de técnicos da área econômica e levantou a suspeita de drible ao teto de gastos, mecanismo que limita o avanço das despesas à inflação. A pasta nega burlar a regra.

O anúncio do acordo foi feito pelos ministros da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, e do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio, e comemorado pelo presidente Jair Bolsonaro no Twitter. A criatividade e a determinação do Ministério da Infraestrutura viabilizará a linha 2 do metrô de BH, escreveu o presidente. É criatividade para prover infraestrutura, comentou Tarcísio na rede social.

O recurso vem de um acordo de indenização relativo a trechos antieconômicos da Ferrovia Centro Atlântica (FCA), que inicialmente seriam utilizados para obras ferroviárias e agora serão redirecionados.

Para investir em obras, o governo precisa ter espaço no Orçamento e no teto de gastos, o que tem sido uma missão difícil. Para o ano que vem, os investimentos públicos devem ficar abaixo dos R$ 30 bilhões, dada a restrição orçamentária.

Qual o procedimento que estamos trabalhando nesse momento: a criação de uma conta, vinculada a esse projeto no BNDES, e o fluxo do dinheiro, em vez de cair na conta do Tesouro, cairia direto nessa conta, que vai ser utilizada especificamente para compor a contrapartida do Estado na parceria público-privada do metrô, explicou Tarcísio, ao anunciar a proposta.

Segundo fontes da área econômica e de órgãos de controle, o gasto referente à parcela do governo numa PPP é uma despesa pública como outra qualquer. Ou seja, não poderia ficar fora do Orçamento, nem do teto de gastos.

De acordo com outra fonte do governo, a Advocacia-Geral da União (AGU) enviou questionamento à Economia sobre o tema, mas a resposta foi genérica e não houve consulta formal ao Tesouro ou à Secretaria de Orçamento Federal. Procurada, a AGU não respondeu. A Economia recomendou procurar os ministérios setoriais para detalhes do acordo judicial.

A Infraestrutura informou que não há burla à regra. O acordo judicial, antes genérico, já direcionava o montante ‘ao setor ferroviário, inclusive mobilidade urbana’. Com o aditivo, esse recurso passa a ser integralmente destinado ao metrô de Belo Horizonte, diz em nota.

Fonte: https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,governo-quer-usar-r-1-2-bi-fora-do-teto-para-bancar-obras-do-metro-de-belo-horizonte,70003423797

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