Os impactos da pandemia no transporte urbano sobre trilhos e a necessidade de se encontrar novas soluções para minimizar as perdas no setor permearam as discussões na abertura da 26ª Semana de Tecnologia Metroferroviária (STMF), nesta terça-feira (01/09). O evento, que segue até sexta-feira (04/09) e marca os 30 anos da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô (Aeamesp), acontece de forma totalmente online, devido às restrições sanitárias causadas pelo Covid-19.
No painel ”Palavras dos Presidentes”, porta-vozes de operadoras trouxeram as experiências no enfrentamento da crise causada pela pandemia e o planejamento das próximas ações. Joubert Flores, presidente da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), afirmou que o setor metroferroviário precisa ”se reinventar”. ”Os trilhos são o tema do momento, tendo perdido 80% da demanda e R$ 5 bilhões de receita. A pandemia é uma oportunidade de otimizar os serviços, descobrir outras formas de financiamento, fazer a regulação, para oferecer uma mobilidade digna à população do Brasil ainda em um futuro próximo”.
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Guilherme Ramalho, presidente do MetrôRio, ressaltou que a demanda no sistema caiu 90% nos meses de quarentena mais rígida na cidade. Ele afirmou que as empresas do setor têm de trabalhar a integração e falou sobre as incertezas que a pandemia traz no médio e longo prazos. ”Acredito que os impactos serão significativos e vão alterar muito as formas de trabalho”. Ramalho pontuou ainda que o atual cenário de distanciamento social, em seis meses, acelerou mudanças que aconteceriam em uma década. ”Cabe a nós, profissionais e empresas, buscarmos soluções, termos resiliência. Temos aprendido a viver com a dúvida de forma constante”, disse.
Francisco Pierrini, diretor-presidente da ViaQuatro e ViaMobilidade, focou sua fala no trabalho que vem sendo realizado pelas concessionárias da Linha 4-Amarela e da Linha 5-Lilás do Metrô de SP, respectivamente. ”A missão é deixar um legado para o transporte do país, inclusive ligado à sustentabilidade”. Pedro Moro, presidente da CPTM, frisou que o tema da remodelação do negócio se tornou mais urgente, com agravamento da situação econômica e da pandemia. ”Hoje a empresa busca novos serviços, otimiza gastos, cortou horas extras e busca uma gestão mais eficiente”.
A programação do primeiro dia foi encerrada pelo painel ”VUCA, o que esperar dos novos tempos em relação ao cenário atual”, com uma palestra conduzida pelo defensor da economia por projetos, Ricardo Vargas, e com moderação do vice-presidente de atividades técnicas da Aeamesp e coordenador da 26ª Semana de Tecnologia Metroferroviária, Alexandre de Freitas Pinto. O termo VUCA é usado para descrever quatro características marcantes do momento atual: volatility (volatilidade), uncertainty (incerteza), complexity (complexidade) e ambiguity (ambiguidade).
Prêmio
Também nesta terça-feira foram divulgados os artigos vencedores do 7º Prêmio Tecnologia & Desenvolvimento Metroferroviários, promovido pela Aeamesp em parceria com a ANPTrilhos e a CBTU. Os vencedores foram agraciados com a premiação de R$ 5 mil por categoria, troféu e certificado. Todos os finalistas receberão troféu e certificado de participação.
Sílvia Cristina Silva comentou que, mesmo em tempos de pandemia, houve recorde no envio de trabalhos. ”Um mês antes do início da data para envio dos trabalhos, se decretou a pandemia. Então, além do trabalho a apresentar, eles tiveram de se dedicar mais para garantir a oferta dos serviços de transporte à população”.
Ao todo, concorreram 193 artigos, dos quais 45 foram selecionados. Uma banca elegeu os 15 melhores e foram apresentados no evento 5 finalistas de três categorias.
Joubert Flores destacou a importância do Prêmio para a valorização do profissional técnico. ”Afirmo que este é o caminho para continuar o desenvolvimento de conhecimento no setor”. O diretor da CBTU, Pedro Kudo, disse que a companhia se orgulha de patrocinar o Prêmio há vários anos. ”É uma iniciativa que garante desenvolvimento técnico e intercâmbio entre profissionais do setor”.
Os vencedores
Categoria 1 – Políticas públicas; planejamento urbano; financiamento (funding); gestão de empreendimentos de transporte; tarifas e custeio do serviço.
Trabalho vencedor: ”Benefícios de uma simulação computacional para o sistema metroferroviário”, Joelson Messias de Moura e coautoria de Wellington Oliveira Costa e Adriana Martins dos Santos, da ViaQuatro;
Categoria 2 – Sustentabilidade; meio ambiente; mobilidade sustentável; gestão; comunicação com o usuário e formação profissional.
Trabalho vencedor: ”Tomada de decisão baseada em dados: como aumentar a eficiência nas contratações”, de Leandro Kojima e coautoria de Reinaldo Teixeira Nappo, do Metrô de São Paulo;
Categoria 3 – Projetos de sistemas de transporte e seus subsistemas; inovação tecnológica; aprimoramento de técnicas de implantação, operação e manutenção de sistemas de transporte, planejamento e concepção de sistemas de transporte.
Trabalho vencedor: ”Inovação na mobilidade de pessoas com deficiência visual no metrô de São Paulo”, de Jaldomir da Silva Filho e coautoria de Eliete Mariani, do Metrô de São Paulo.
A organização reconheceu com o Troféu de Menção Honrosa dois artigos dedicados à pandemia:
– ”Desafio da gestão de equipes em home office no CCO – Centro De Controle Operacional do Metrô-SP”, de autoria de Wellington Fonseca Dias e coautoria de Luiz Antonio Alves;
– ”Monitoramento da lotação dos trens no Metrô-SP: gestão da oferta no contexto do COVID-19”, de autoria de Gabriel Rivelles Paiva e coautorias de Bruno Lopes Fernandes, Fabianne da Silva Maia e Marcelo da Silva Favarello.
Seminário
Nesta quinta-feira (03/09), acontece a quarta edição do Seminário de Infraestrutura de Transporte e Ferroviário, organizado pela Aeamesp em parceria com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e que integra a programação da 26° Semana de Tecnologia Metroferroviária. Com o tema ”Nos trilhos do desenvolvimento”, o evento online discutirá as perspectivas e o potencial de crescimento do setor ferroviário no país por meio de novos projetos, bem como a implantação de novas tecnologias no transporte de carga.
Coordenado por Vicente Abate, presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), o encontro contará com a presença de Carlos Cavalcanti, vice-presidente da Fiesp e diretor titular do Departamento de Infraestrutura (Deinfra); Luís Felipe Valerim, diretor adjunto do Deinfra/Fiesp; e Pedro Machado, conselheiro da Aeamesp, além de Martha Seillier, secretária especial do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI), do Ministério da Economia.
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