Ainda bastante afetada pela pandemia, a CCR viu seu lucro cair 65% no terceiro trimestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2019.
O resultado já é um avanço em relação ao obtido no segundo trimestre, quando o grupo registrou prejuízo, mas a retração ainda é expressiva. Se considerada a mesma base de comparação (sem contar as novas concessões e cobranças), a retração teria sido maior, de 71,9%.
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A receita do grupo também caiu 11,8%, para R$ 2,38 bilhões, no período. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado teve queda de 12,9% no trimestre, e ficou em R$ 1,3 bilhão.
Os resultados negativos refletem o impacto das medidas de isolamento social, impostas pela pandemia. Embora as concessões de rodovias sejam o negócio principal da CCR, o grupo tem também diversos contratos de aeroportos e de mobilidade urbana, que têm sido afetados de forma mais drástica e, dessa forma, contribuído em grande parte pelos resultados negativos.
No setor rodoviário, a recuperação tem sido mais rápida. No terceiro trimestre, o tráfego teve queda anual de 1,6%, mas os dados semanais que têm sido divulgados pela companhia mostram que, na última semana de outubro, já há um avanço de 0,5% na comparação com o ano passado. Já no caso de aeroportos e mobilidade, as quedas seguem drásticas: de 67% e 49%, respectivamente, na semana de 23 a 29 de outubro.
Para Marcus Macedo, superintendente de relações com investidores da companhia, ainda é cedo para dizer se haverá um impacto estrutural nos setores em que a empresa atua. Para 2021, a expectativa é que o volume de tráfego nas rodovias já tenha um aumento.
Já nos demais segmentos, a retomada será mais gradual, diz ele. No caso de aeroportos, ainda vai depender das companhias aéreas, das restrições sanitárias impostas por muitos países, afirma Macedo.
Em relação aos reequilíbrios contratuais relacionados à pandemia da covid-19, Macedo afirma que ainda não há nada definido, e que as conversas com os governos continuam.
Apesar dos impactos, a CCR continua se preparando para leilões. Além do projeto de relicitação da Dutra – no qual certamente a companhia irá participar -, outra concorrência em estudo é a da concessão estadual da RSC-287, no Rio Grande do Sul, prevista para dezembro.
A empresa também mantêm seu interesse no próximo leilão de aeroportos, que o governo federal planeja realizar em 2021. É um investimento de longo prazo. Nossa visão é que a situação deve ser normalizar, as pessoas vão continuar viajando. Claro que a modelagem deverá se adequar à nova realidade do mercado, mas seguimos interessados, afirmou o executivo.
Fôlego financeiro tampouco será um problema para a companhia, segundo Macedo. Em setembro, a dívida líquida terminou em R$ 13,9 bilhões.
A alavancagem (medida pela relação entre dívida líquida pelo Ebitda ajustado) ficou em 2,7 vezes. Há um ano, essa relação era de 2,3 vezes. Houve esse aumento por conta da menor geração de caixa durante a pandemia, mas a expectativa é que esse índice caia à medida que o Ebitda se normalize. Ainda assim, temos um espaço grande para novos endividamentos, diz ele.
Já em relação ao setor de saneamento, que a CCR já declarou ser um possível alvo para o futuro, com a aprovação do novo marco legal do setor, Macedo afirma que ainda estão em fase de avaliação. Temos que aprofundar estudos. É uma área em que haverá muitas oportunidades, afirma o superintendente.
Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020/11/12/ccr-ainda-carrega-os-efeitos-da-pandemia.ghtml
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